Testemunhas de Jeová – Despersonalizando o Espírito Santo – #2
REFUTAÇÃO AOS TEXTOS MAL APLICADOS CONTRA A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO
É comum os testemunhas de Jeová citarem os textos a seguir, geralmente fora de contexto, para se aventurar a provar a impersonalidade do Espírito Santo. Acompanhe os argumentos da seita, seguidos das respectivas refutações.
Mateus 3.11
Eu os batizo com água para arrependimento. Mas depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar as suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo.
Neste texto, João Batista é citado dizendo que Jesus batizaria com o Espírito Santo, assim como ele batizava em água. Os testemunhas de Jeová então raciocinam: assim como a água não é pessoa, tampouco seria o Espírito Santo, pois ninguém poderia ser batizado com uma pessoa.
Esse paralelismo entre água/Espírito não afeta em nada a personalidade do Espírito Santo, pois em Romanos 6.3 encontramos o paralelismo batizados em Cristo/batizados em sua morte, e em Gálatas 3.27 fala-se no batismo em Cristo e em ser revestido de Cristo. Nem por isso Jesus perdeu sua identidade pessoal. Trata-se tão somente de um caso de analogia, ou seja, estabelece-se relações entre seres de naturezas distintas. O mesmo encontramos a respeito de Moisés, em ICoríntios 10.2. Fala-se ali de ser batizado em Moisés, mostrando assim que é possível alguém ser batizado numa pessoa, sem que ela perca sua identidade pessoal.
2Coríntios 6.6
[…] em pureza, conhecimento, paciência e bondade; no Espírito Santo e no amor sincero […].
O fato de o Espírito ser mencionado entre várias qualidades levou os testemunhas de Jeová a entender que ele não é uma pessoa. Entre outros textos apresentados, estão Efésios 5.18, Atos 6.3,11.24 e 13.52.
Ora, se isso fosse verdade, então Jesus também perdería sua personalidade, pois em Gálatas 3.27 insiste-se com as pessoas para que se revistam de Cristo, da mesma maneira que se instam outros, em Colossenses 3.12, a se revestirem de qualidades como humildade, compaixão, bondade, mansidão e paciência. Se nada disso faz de Cristo uma “força ativa”, o mesmo se dá com o Espírito Santo. Ser mencionado entre coisas impessoais não faz dele algo impessoal.
Ademais, se ser associado a coisas impessoais faz do Espírito Santo algo impessoal, como afirmam erroneamente os testemunhas de Jeová, então, na mesma linha de raciocínio, eles teriam de admitir obrigatoriamente que, ao ser citado em associação com outras pessoas, isso faria do Espírito Santo uma pessoa. Veja:
1. Em Mateus 28.19, o Senhor Jesus ordena: “Vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai [uma pessoa] e do Filho [outra pessoa] e do Espírito Santo [também uma pessoa]”. (V. tb. o cap. 4, no tópico “A Trindade no Novo Testamento”).
2. Atos 13.1,2 afirma que na igreja de Antioquia “havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, chamado Niger, Lúcio de Cirene, Ma-naém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo [todos seres pessoais]. Enquanto adoravam ao Senhor [o Ser pessoal adorado] ejejuavam, disse o Espírito Santo [outra pessoa]:“Separem-me Barnabé e Saulo [pessoas] para a obra a que os tenho chamado [falando na primeira pessoa do singular]”.
3. Após a disputa acerca da imposição da circuncisão aos cristãos, os apóstolos e presbíteros de Jerusalém enviaram a seguinte carta para os irmãos de Antioquia, Síria e Cilícia: “Soubemos que alguns saíram de nosso meio, sem nossa autorização, e os perturbaram transtornando suas mentes com o que disseram. Assim, concordamos todos em escolher alguns homens e enviá-los a vocês com nossos amados irmãos Paulo e Barnabé [pessoas], homens que têm arriscado a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo [Ser pessoal]. Portanto, estamos enviando Judas e Silas [pessoas] para confirmarem verbalmente o que estamos escrevendo. Pareceu bem ao Espírito Santo [Ser pessoal] e a nós [seres pessoais] não impor a vocês nada além das seguintes exigências necessárias: Abster-se de comida sacrificada aos ídolos, do sangue, da carne de animais estrangulados e da imoralidade sexual. Vocês farão bem em evitar essas coisas. Que tudo lhes vá bem”.
Não é preciso muito esforço para saber que a pureza, o conhecimento, a paciência, a bondade e o amor sincero não poderíam substituir o Espírito Santo nos textos mencionados anteriormente (faça o teste). Ele aparece entre pessoas por ser um ente pessoal, pois age como pessoa, mas também pode ser mencionado entre coisas, sem deixar de ser pessoa.
Atos 2.4
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava.
Este é, sem dúvida, o texto mais utilizado pelos testemunhas de Jeová. Eles argumentam que no Pentecoste 120 discípulos ficaram cheios de uma “força ativa”, não de uma pessoa, pois uma pessoa não pode habitar 120 outras pessoas simultaneamente. O erro dos testemunhas de Jeová já começa quando tomam o termo “pessoa” à luz das próprias limitações do ser mortal. Ora, Deus é aquele que “preenche todas as coisas”, de acordo com Efésios 1.23. Ele tudo pode. Nada há que ele não possa fazer. Então, se naquele acontecimento do Pentecoste lhe aprouve encher 120 pessoas, quem somos nós para pôr em dúvida sua ação soberana? Nos dizeres do Credo atanasiano: “Imenso é o Pai, Imenso o Filho, Imenso o Espírito Santo”.
Romanos 8.11 diz que o Espírito Santo mora ou reside em nós. Efésios 3.17 diz que Cristo reside em nosso coração. Da mesma forma, João 14.23 fala da habitação em nós tanto do Pai quanto do Filho. Nada disso faz que o Pai e o Filho deixem de ser pessoas.
Atos 13.2
Enquanto adoravam ao Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: “Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”.
Os testemunhas de Jeová, mesmo diante da evidência de que o Espírito Santo fala e se comunica, usam esse texto para protestar contra a personalidade do Espírito Santo, afirmando que o fato de a Bíblia dizer que o Espírito Santo fala não provaria sua personalidade, pois outros textos mostram que isso era feito por meio de seres humanos ou de anjos, sem que ele tivesse voz própria (Atos 21.4; 28.25).
O argumento dos testemunhas de Jeová é inócuo pelos seguintes motivos:
1. Se os testemunhas de Jeová insistirem nesse argumento, terão de admitir que o Pai tampouco é uma pessoa, pois também lemos que ele falou por meio de outros. Veja esta comparação:
Atos 3.21
[…] até que chegue o tempo em que Deus restaurará todas as coisas, como falou há muito tempo, por meio dos seus santos profetas.
Atos 1.16
[…] “Irmãos, era necessário que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse por boca de Davi […].
Atos 28.25
Bem que o Espírito Santo falou aos seus antepassados, por meio do profeta Isaías.
Agora, compare os textos anteriores com estes:
Mateus 10.19,20
Mas quando os prenderem, não se preocupem quanto ao que dizer, ou como dizê-lo. Naquela hora lhes será dado o que dizer, pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito do Pai de vocês falará por intermédio de vocês.
Lucas 21.14,15
Mas convençam–sede uma vez de que não devem preocupar-se com o que dirão para se defender.
Pois eu lhes darei palavras e sabedoria a que nenhum dos seus adversários será capaz de resistir ou contradizer.
Jeremias 1.7-9
O Senhor, porém, me disse: “[…] A todos a quem eu o enviar, você irá e dirá tudo o que eu lhe ordenar. […] O Senhor estendeu a mão, tocou a minha boca e disse-me: “Agora ponho em sua boca as minhas palavras”.
Em Mateus 10.19,20, quem fala é o Espírito Santo; em Lucas 21.14,15, quem fala é o Filho; e, em Jeremias 1.7-9, quem fala é o Pai. E todos eles falam por meio de alguém, e ainda assim continuam seres pessoais. 0 Espírito fala assim como o Pai e o Filho. Logo, ele é um ser pessoal.
2. Não importa se o Espírito Santo falou diretamente ou por meio de alguém, de anjos ou de homens. 0 que está claro é que foi ele, o próprio Espírito Santo, quem falou. 0 profeta por meio de quem ele falou era apenas um canal, um instrumento, mas as palavras eram dele, do Espírito Santo.
Atos 7.55,56
Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, levantou os olhos para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus de pé, à direita de Deus, e disse: “Vejo o céu aberto e o Filho do homem de pé à direita de Deus”.
Os testemunhas de Jeová argumentam que, se Deus fosse uma Trindade, Estêvão, ao fitar os olhos no céu, deveria ter visto o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Contudo, afirmou ter visto apenas o Pai e o Filho; nada disse sobre o Espírito Santo.
Estêvão não precisava ter visto o Espírito Santo para que a doutrina da Trindade fosse verdadeira (e ainda que Estêvão tivesse dito que o viu, os testemunhas de Jeová em sua incredulidade certamente negariam tal fato mediante algum argumento falacioso como o anteriormente citado). Na verdade, os testemunhas de Jeová precisam prestar mais atenção ao texto. A Trindade é o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e Estêvão só pôde ver o Pai e o Filho porque ele estava “cheio do Espírito Santo”. Pronto, eis a Trindade!