REPETIÇÃO E OBSERVAÇÕES – Hermenêutica
Repetindo e resumindo algo do que foi dito nas lições anteriores, convém que nos recordemos e sempre tenhamos presente:
1° – Que o primeiro requisito para o bom entendimento das Escrituras é um espírito de discípulo humilde. Tanto é assim, que uma pessoa comparativamente ignorante, que humildemente invoca a luz do Espírito de Deus no estudo da Bíblia, conseguirá conhecimentos bíblicos exatos com mais facilidade do que um homem de talento e sabedoria humana que, preocupado e carecendo do espírito de discípulo, empreende seu estudo. Numerosos exemplos apóiam esta verdade.
2° – Que as grandes doutrinas e princípios do Cristianismo estão expostos com clareza nas Escrituras.
3° – Que, por conseguinte e em realidade, só se invocam as regras de interpretação para conseguir o significado verdadeiro dos pontos obscuros e de difícil compreensão.
4° – Que, apesar disso, d de grande importância que até o cristão mais humilde tenha alguma idéia de tais regras e de sua aplicação, porquanto é seu dever aprofundar-se nas Escrituras, confirmar-se em suas verdades e familiarizar-se com elas para seu próprio proveito e para poder iluminar aos que as contradizem.
5° – Para conhecer o sentido inato da Bíblia, ela mesma deve ser sua própria intérprete.
6° – Que o verdadeiro sentido de seus textos é conseguido pelo significado de suas palavras, e que assim, pela aquisição do verdadeiro sentido das palavras, se consegue o verdadeiro sentido de seus textos.
7° – Que não se deve esquecer por um momento que o significado das palavras está determinado pela peculiaridade e uso da linguagem bíblica, devendo-se, portanto, buscar o conhecimento do sentido em que se usam as palavras antes de tudo na própria Bíblia.
8° – Que as palavras devem ser tomadas no sentido que comumente possuem, se este sentido não estiver manifestamente contrário a outras palavras da frase em que ocorrem, com o contexto e com outras partes das Escrituras.
9° – Que, no caso de haver uma palavra com significado diferente, oferecendo-se assim ou de outro modo um ponto obscuro, recorra-se às regras acima citadas para se conseguir o sentido exato que intentava o escritor inspirado, ou melhor, o próprio Espírito de Deus.
10° – Que, à parte da correta interpretação de passagens e textos separados quanto às doutrinas, estas só são bíblicas e exatas quando expressam tudo quanto dizem as Escrituras em relação a elas.
Ao averiguar, pois, qual seja o verdadeiro significado de uma passagem da Escritura, é preciso que perguntemos:
1º – Qual d o significado de suas palavras?
Se não têm mais significado, estamos de imediato esclarecidos: possuímos já o verdadeiro sentido. Porém se há alguma que tem mais de um sentido, perguntemos:
2º – Que sentido requer o restante da frase?
Só em resposta encontramos dois ou três sentidos, perguntemos:
3º – Qual é o sentido que requer o contexto para que tenha um sentido harmônico toda a passagem?
Se ainda couber dar-lhe mais de um sentido, perguntemos:
4º – Qual é o sentido que requer o desígnio ou objetivo geral da passagem ou livro em que se encontra?
E se a todas estas perguntas se oferece ainda mais de uma resposta, perguntemos:
5º – Qual é o sentido que requerem outras passagens das Escrituras?
Se, por acaso, em resposta a tantas averiguaç6es, ainda fosse possível encontrar mais de um significado nalguma palavra da passagem, podem considerar-se verdadeiros ambos os significados ou ambas as interpretações, devendo-se, por certo, preferir a que mais condições reúna para ser aceita como verdadeira.
Repetimos que o procedimento acima indicado e as regras aqui estampadas são tão justas quanto necessárias, não somente para a interpretação de todo tipo de linguagem da Escritura, como para o reto entendimento e interpretação de toda linguagem ou documento de uso na vida ordinária.
PERGUNTAS