1. INTRODUÇÃO
Bem, vou tentar explicar de maneira bem simples para que qualquer leitor entenda. Infelizmente são poucos os livros que tratam do assunto e os sites da Internet que o abordam ou são críticas inflamadas (principalmente pelos defensores do texto tradicional) ou são textos muito técnicos. Acho que depois dessa leitura será possível compreender o porquê de tanto estardalhaço na mídia evangélica contra as chamadas versões modernas (NVI, BLH, NTLH, ARA, VIVA, ECA, e a Bíblia de Jerusalém).
2. O NASCIMENTO DA CLÁSSICA BÍBLIA PROTESTANTE
Desde que Erasmo organizou a primeira impressão grega da Bíblia, feita a partir de seis manuscritos medievais (século XII em diante), em 1516, sua versão vem servindo de base, por exemplo, para a Bíblia inglesa King James (ou Rei Tiago), a amada tradução portuguesa de João Ferreira de Almeida e a tradução espanhola Reina Valera. Acontece que com a descoberta, em 1859 e 1889, de dois novos manuscritos, o Códice Sinaítico e o Códice Vaticano, que datam do século IV d.C. (são alguns dos mais antigos manuscritos já encontrados), alguns eruditos propuseram uma nova edição do Novo Testamento, já que consideraram que o texto grego de Erasmo teria sido baseado em manuscritos inferiores aos dos dois manuscritos que eu citei.
Isso provocou um rebuliço entre alguns cristãos mais conservadores, que alegaram que Deus não teria permitido que a Bíblia fosse transmitida ao longo de tanto tempo de forma incorreta. Essas pessoas passaram a defender o chamado “Texto Recebido” (também conhecido como Textus Receptus), utilizado por Erasmo, como correspondendo exatamente o que foi redigido pelos escritores bíblicos (outros, mais moderados defendem que é, pelo menos, o mais correto).
3. UMA NOVA VERSÃO BASEADA NO SINAÍTICO E VATICANO
Com a descoberta desses dois novos manuscritos, no século XIX, e também de outros manuscritos antigos (como os do Mar Morto), surgiu a idéia de buscar, através da confrontação dos diversos manuscritos disponíveis, um texto que se aproximasse mais dos textos originais. Westcott e Hort ficaram famosos após criarem uma edição crítica (resultado dessa confrontação) do Novo Testamento, baseada no Sinaítico e no Vaticano.
Os defensores do Texto Crítico alegam que não é possível afirmar que exista uma cópia fiel dos autógrafos (manuscritos originais), já que o copista cometia erros, fazendo omissões por descuido ou acrescentando palavras que eram apenas notas marginais (comentários do texto feitos na margem). Nosso trabalho seria o de buscar descobrir, através de inúmeras comparações de manuscritos, o que realmente teria sido escrito pelos autores. As técnicas utilizadas para esse fim tem sido o maior ponto de controvérsias. Os adeptos do texto crítico utilizam como base o Codex Vaticanus e o Codex Sinaiticus, ao invés do Textus Receptus. Uma das mais freqüentes críticas à edição de Westcott e Hort foi a omissão da Comma Johanneum, que é aquele texto que normalmente aparece entre colchetes em 1 Jo 5.7-8. Eles foram omitidos porque não aparecem nos melhores manuscritos gregos. Isso deixou os mais conservadores loucos de raiva, pois alegaram que a verdadeira intenção da omissão desse texto é negar a doutrina da trindade. Westcott e Hort, autores do chamado texto crítico, têm sido tratados por nomes que não convêm publicar aqui.
4. CONCLUSÃO
Alguns métodos utilizados na edição do chamado texto crítico, desenvolvidos por Brooke Foss Westcott (1825-1903) e Fenton John Anthony Hort (1828-1892) , têm sido muito combatidos atualmente pela ala conservadora, mas será que só por causa disso devemos descartar todo o trabalho feito por eles? Será que o Texto Recebido é realmente uma cópia fiel ou pelo menos mais próxima dos autógrafos? Essa teoria, à luz da crítica moderna, tem sido bem difícil de sustentar.
Deixando toda essa discussão de lado, gostaria de disponibilizar aqui os textos omitidos pelo texto crítico. Finalmente consegui baixá-lo. Comparei-o como o Texto Recebido e anotei as omissões.
Segue abaixo a Relação de textos omitidos pelo texto crítico de Westcott e Hort (para os conservadores, “os dois filhos de satã”).
Textos omitidos pelo texto crítico de Westcott e Hort
Mt 17.21; Mt 18.11 ; Mt 23.14; Mc 7.16 ; Mc 9.44; Mc 9.46; Mc 11.26; Mc 15.28; Lc 17.36; Lc 23.17; Jo 5.4; At 8.37; At 15.34; At 24.7; At 28.29; Rm 16:24
BIBLIOGRAFIA:
ANGUS, Joseph. História, doutrina e interpretação da Bíblia – vol I. Tradução de J. Santos Fiqueiredo. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1951.
LADD, George E. Critica del Nuevo Testamento. El Passo, Texas: Mundo Hispano, 1990.
SIMON, Edith. A Reforma. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1971.
E-SWORD. Texto crítico do Novo Testamento grego de Westcott e Hort. Disponível em <http://www.e-sword.net/downloads.html>. Acesso em 20Jul2009.