Neemias,Um Modelo de liderança – Pt. 2

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ANDANDO NA CORDA BAMBA

Leia Neemias 2:1-8
Você já esperou boas notícias e acabou recebendo más notícias? Isso já aconteceu com todos nós em algum momento de nossas vidas. Isto é sempre frustrante! Mas poucos de nós já sentiram o im­pacto esmagador e a dor emocional que Neemias experimentou quando foi informado sobre as condições em que viviam seus irmãos judeus em Jerusalém.

MUROS DERRUBADOS E GRANDE DESESPERO!
O que Neemias esperava que não acontecesse, mas temia, acabou acontecendo.

Os muros que cercavam Jerusalém estavam em ruínas, e as portas da cidade haviam sido “queimadas”. Seus irmãos judeus esta­vam “em grande miséria e desprezo”. Seu desespero era grande e in­tenso. O estado de ânimo de seu povo havia atingido índices negativos. As notícias eram tão desanimadoras que Neemias caiu em grande depressão (veja Ne 1:4).

Por estranho que pareça, Neemias não foi apanhado totalmente de surpresa. Muitos biblistas acreditam que Artaxerxes – o rei a quem ele servia como copeiro — anteriormente havia emitido um decreto para que os judeus parassem com seus esforços em reconstruir os muros de Jerusalém.1 Se essa idéia estiver correta, como eu acredito que esteja, então Neemias tinha de presumir que as coisas não esta­vam indo bem para os seus irmãos judeus. Embora fosse um homem que se preocupasse profundamente com seu povo, ele não estava pre­parado emocionalmente para lidar com aquela péssima situação. Na verdade, nunca estamos – não importa quanto tentemos nos prepa­rar para elas intelectualmente.

UMA CARTA DANOSA
Reum, um oficial persa que vivia em Samaria, havia escrito a Artaxerxes para informá-lo de que os judeus aos quais ele havia dado permissão para voltarem para Jerusalém, reconstruíam a cidade. Além disso, eles já estavam até “restaurando os seus muros e reparando os seus fundamentos” (Ed 4:12). Ele continuou seu relato, dizendo: “Saiba ainda o rei que, se aquela cidade se reedificar, e os muros se restaurarem, eles não pagarão os direitos, os impostos e os pedágios e assim causarão prejuízos ao rei” (v. 13).

Como é compreensível, a carta chamou a atenção de Artaxerxes. Após ter pesquisado a história de Jerusalém, ele entendeu rapida­mente o que poderia acontecer se os judeus tivessem sucesso em sua empreitada. Assim sendo, respondeu com uma carta pessoal e deu a ordem para que o trabalho fosse interrompido (veja v. 21).

Logo que Reum recebeu a resposta do rei, ele e seus homens “foram… apressadamente a Jerusalém, aos judeus, e, de mão armada, os forçaram a parar com a obra” (v. 23).

Os resultados foram devastadores, Reum e seus companheiros devem ter, literalmente, atacado as muralhas de Jerusalém e as derrubaram, ateando fogo também às suas portas.

Não é sem motivo que os judeus estavam desmoralizados. Anos de trabalho árduo se transformaram em cinzas diante de seus olhos!

Lendo esse relato, acabo me lembrando de minha primeira visita a Varsóvia, capital da Polônia. Eu e minha esposa fomos a um pequeno cinema e assistimos a um filme que mostrava cenas reais do ataque das forças alemãs àquela bela cidade. Os nazistas não apenas bombardearam a cidade usando aviões, mas seu ataque por terra foi ainda mais devastador. Eles depositaram em cada edifício cargas de dinamite que os destruíram totalmente. A cidade inteira ficou em ruínas. A estratégia de Hitler era desmoralizar o povo polonês com a destruição de Varsóvia, o símbolo do orgulho e da sensação de realização do povo polonês.

A estratégia usada por Reum era bastante parecida com essa e deu resultado.

Seu ataque a Jerusalém foi devastador para o ânimo dos judeus. Do ponto de visto emocional, eles estavam totalmente desmoralizados.
Quanto Neemias realmente sabia?

Por causa da sua posição influente e estratégica que ocupava na corte do rei, Neemias certamente tinha conhecimento da primeira carta escrita por Reum e da resposta de Artaxerxes.

Porém, parece que ele não ficou sabendo o que realmente estava acontecendo, embora já soubesse que Reum não seria amigável com os judeus.

Neemias esperava um relatório negativo, mas nada tão devastador quanto o que acabou recebendo.

Ele ficou sabendo instantaneamente que estava diante do que parecia ser uma tarefa impossível. Do ponto de vista humano, Artaxerxes era a única pessoa que poderia ajudá-lo a resolver aquele problema. O rei havia dado a ordem para que a reconstrução fosse interrompida, portanto ele era a única pessoa capaz de revertê-la. Isso explica por que Neemias orou de maneira tão específica e pediu que Deus desse “mercê perante este homem” (Ne 1:11).

UMA OPORTUNIDADE MILAGROSA
O copeiro do rei recebeu essa oportunidade (2:1,2) quatro meses após ter começado a orar e jejuar. Segundo o calendário judaico, des­de o mês de quisleu (novembro-dezembro) até nisã (março-abril). Evidentemente, na ocasião Neemias servia em um banquete espe­cial, pois a rainha estava sentada ao lado de Artaxerxes (veja v. 6).
Neemias estava desempenhando suas atividades regulares. Mas havia algo diferente em seu semblante naquela ocasião. Essa era a primeira vez que ele parecia triste na presença do rei. “Por que está triste o teu rosto, se não estás doente?”, perguntou o rei. Artaxerxes sentiu imediatamente que algo estava muito errado e, com percepção aguçada, o rei deduziu: “Tem de ser tristeza do coração” (v. 2).

Um momento assustador
Neemias estava assustado — o que é compreensível! A lei persa proibia que um servo demonstrasse tristeza na presença do rei. Na verda­de, Neemias sabia que corria perigo de ser punido severamente por demonstrar outra coisa que não fosse um semblante alegre enquanto estivesse trabalhando. Ele poderia ser destituído de seu cargo, ou até mesmo preso. Se isso acontecesse, seria praticamente impossível para ele conseguir a ajuda do rei.

Tenho certeza de que Neemias sabia do risco que estava corren­do. Mas ele não tinha escolha. Em espírito de oração e confiança em Deus, ele baixou sua guarda, esperando que o rei percebesse e não lhe desse uma resposta negativa.
Mais importante ainda, Neemias certamente estava pensando sobre a grande responsabilidade que estava sobre seus ombros. O que aconteceria se o rei realmente desse uma resposta favorável à sua grande preocupação? O que ele diria para o homem que havia emiti­do anteriormente uma ordem que acabou causando o sentimento de tristeza de Neemias?

Ê óbvio que Neemias estava pensando e orando muito durante um longo tempo, e aquele momento havia finalmente chegado. Mes­mo que o comentário de Artaxerxes o assustasse, ele estava pronto, com essa resposta: “viva o rei para sempre”, assegurando ao monarca sobre a sua lealdade. Mas então, ele teve de lidar com a questão com grande sabedoria: “Como não me estaria triste o rosto se a cidade, onde estão os sepulcros de meus pais, está assolada e tem as portas consumidas pelo fogo?” (v. 3).

Neemias não identificou “a cidade” pelo nome.
Isso pode soar como uma resposta simples e ingênua. Mas não era! Neemias demonstrou grande sabedoria. Ele evitou colocar Artaxerxes na defensiva ao não mencionar Jerusalém especificamente. Neemias simplesmente referiu-se a ela como “a cidade”. Afinal de contas, o rei havia investigado a história de Jerusalém – talvez pouco tempo antes. O que Artaxerxes descobriu o perturbou tanto que resolveu então emitir uma ordem em relação à cidade proibindo-a de ser reconstruída (veja Ed 4:19,20). Aquele não era o momento certo para ameaçar Artaxerxes.

Um apelo ao respeito que o rei devotava aos ancestrais, Neemias sabia que Artaxerxes tinha um profundo senso de reverên­cia pelos parentes e amigos que haviam morrido.

Essa mentalidade permeava a cultura do Oriente Médio.

Mais uma vez podemos ver a sabedoria de Neemias. Ele estava esperando para atingir um “ponto sensível” do coração de Artaxerxes, que poderia dar-lhe uma resposta. É por isso que, quando respondeu ao questionamento do rei sobre o motivo de sua tristeza, ele declarou que ninguém poderia ficar feliz se a cidade e o lugar onde estavam os sepulcros de seus pais estivessem assolados.

A “HORA DA VERDADE”
Imagine-se como Neemias devia estar se sentindo. Vivendo sob aquelas circunstâncias, os segundos pareciam ser horas. Ele provavelmente ficara apreensivo ao aguardar pela resposta do rei. Enquanto isso pas­sou a fazer várias lucubrações:

•    Ele seria punido severamente por ter perdido o controle de suas emoções diante do rei?
•    Ele seria transferido para outro cargo, acabando com o que parecia ser a única possibilidade de ajudar os seus irmãos ju­deus que viviam em Jerusalém?
•    O rei iria levar em consideração as suas preocupações e voltar a tratar do assunto?

A resposta do rei deve ter provocado arrepios na espinha de seu copeiro. Em vez de rebater com raiva e ordenar a seus guardas que retirassem Neemias dali, Artaxerxes deu uma resposta positiva. O rei perguntou: “Que me pedes agora?” (Ne 2:4).
Neemias sabia que uma grande porta estava se abrindo diante de si. E também reconheceu que precisava de mais sabedoria divina para poder aproveitar aquela chance. Enquanto tentava responder à ques­tão crítica do rei, Neemias imediatamente sussurrou uma oração si­lenciosa, pedindo ajuda a Deus (veja v. 4).

O texto bíblico não revela exatamente quais foram as palavras que ele disse em sua oração. Se eu estivesse em seu lugar, certamente teria pedido por forças em meus joelhos – para poder permanecer de pé – e também sabedoria para expressar meus pensamentos e desejos de maneira clara. Diante de situações difíceis, ficamos nervosos e podemos ter um lapso da memória. O medo é capaz de grandes proezas em nosso cérebro. Tenho certeza de que Neemias se viu dian­te de um verdadeiro trauma emocional.

NEEMIAS CUMPRIU COM SUAS OBRIGAÇÕES
Apesar de Deus certamente ter dado sabedoria a Neemias em meio a tudo o que estava acontecendo, é evidente que o copeiro do rei havia se preparado para aquela oportunidade tão especial que estava rece­bendo (w. 5-8). Provavelmente seja mais correto afirmar que naque­le momento o Senhor tenha dado a Neemias a habilidade de usar o conhecimento que ele reunira após várias semanas de cuidadosa pes­quisa. Essa é uma poderosa lição para todos nós. Neemias não apenas orou e buscou a ajuda de Deus, mas também usou todos os recursos humanos disponíveis. Isso incluía sua capacidade intelectual, sua ex­periência humana, a sabedoria que havia acumulado, o papel que desempenhava na corte e as pessoas com quem ele mantinha contato.

Um equilíbrio delicado
Para alcançar seus objetivos, Neemias utilizou, de maneira sábia e cuidadosa, tanto os recursos humanos quanto os divinos. Ele havia orado especificamente por uma oportunidade de conseguir uma au­diência com Artaxerxes (veja 1:4-11). A oportunidade surgiu, e en­tão ele buscou novamente a ajuda de Deus (veja 2:4). Mas o copeiro também havia se preparado intelectualmente para aquele momento — o que fica claro pela maneira como respondeu às perguntas do rei. Enquanto seu diálogo prosseguia, o preparo prévio de Neemias para aquela ocasião demonstra ser cada vez mais evidente. E isso fica espe­cialmente demonstrado pelo pedido corajoso que fez.

“Que me pedes agora?”

A pergunta direta e incisiva de Artaxerxes deve ter deixado Neemias atordoado por alguns instantes. Mas, com a ajuda de Deus, ele reco­brou o seu equilíbrio e fez um pedido corajoso. O copeiro disse ao rei que gostaria de ser enviado a Judá, à “cidade” onde estavam os “se-pulcros” de seus pais, para que pudesse reedificá-la (v. 5). A resposta de Neemias demonstrava coragem, porém foi cuidadosa, usando mais uma vez o respeito que aquela cultura tinha pelos ancestrais e evitou mencionar o nome da cidade de Jerusalém.

Artaxerxes não era ingênuo
Naquele momento, o rei certamente sabia a qual cidade Neemias estava se referindo. Para ser sincero, é provável que ele tenha entendi­do desde o princípio a estratégia de seu copeiro. Mas, por Neemias ter sido tão sábio e utilizado um modo de falar sem nenhum tom de ameaça, Artaxerxes admirou a atitude de seu servo. Lembre-se tam­bém de que Neemias já havia conquistado a confiança do rei. Ele nunca havia dado a Artaxerxes um único motivo para questionar a sua integridade e lealdade. Se ele tivesse feito isso, não continuaria servindo como copeiro do rei.

Valia a pena defender sua reputação

Essa é uma grande lição para todos nós! Quando se trata de pedir favores especiais, não há nada melhor que uma boa reputação. Mui­tas pessoas já foram preteridas em uma promoção ou até mesmo
demitidas por causa dos enganos cometidos e que permitiram aos outros questionarem sua integridade e lealdade. Normalmente le­vam-se anos para construir esse tipo de reputação e confiança. Quan­do se tem a oportunidade de usá-las, percebemos que todos os esforços feitos nesse sentido valeram a pena (1 Tm 3:2; Tt 1:6). Esse estilo de vida tem um alto rendimento. E isso certamente foi o que obteve Neemias!

OUTRO FATOR SUTIL
Lembre-se de que a rainha estava sentada ao lado de Artaxerxes (veja Ne 2:6). Isso complicava as coisas para Neemias. Se ela esti­vesse atenta àquela delicada conversa e ouvisse o nome “Jerusa­lém”, seria muito fácil lembrar ao rei a decisão que ele havia tomado anteriormente, o que certamente seria uma ameaça ao ego do rei. Se isso acontecesse, ficaria muito mais difícil para o rei Artaxerxes dar uma resposta positiva ao pedido de seu copeiro. Podemos en­tender agora mais claramente o motivo pelo qual Neemias precisa­va pensar cuidadosamente nas suas respostas. Naquelas circunstâncias, apenas uma palavra, dita de maneira errada, seria capaz de pôr a per­der uma grande oportunidade.

A PORTA SE ABRIU POR COMPLETO
Neemias obviamente conseguiu evitar esse possível impedimento. Não há evidências de que a rainha tenha dito algo. Isso deve ter dei­xado Neemias aliviado.
A pergunta seguinte do rei mostrou que a “porta da oportunida­de” estava totalmente aberta. Ela possibilitou que o copeiro compar­tilhasse com o rei alguns pedidos que ele vinha pensando constantemente por um longo tempo. Artaxerxes lhe perguntou: “Quanto durará a tua ausência? Quando voltarás?” (v. 6).

Por ter pensado antecipadamente sobre todo o processo, Neemias sabia que, sem a permissão especial do rei e seus recursos, uma via­gem a Jerusalém seria um fracasso. Mesmo que conseguisse chegar até lá em segurança, não poderia fazer muito pelos judeus.

Cartas de permissão
A princípio, Neemias requisitou cartas para que o próprio rei lhe permitisse passar pelas várias províncias. Ele precisava das cartas para chegar até Jerusalém sem precisar enfrentar oposição alguma (veja v. 7). Neemias sabia que a única maneira de obter autorização para atraves­sar as fronteiras era ter em mãos cartas assinadas pelo próprio rei. Afinal de contas, todos os governadores das províncias pelas quais ele pretendia passar conheciam a ordem anterior dada por aquele governante, que impedia os judeus de tentarem reconstruir a cidade de Jerusalém.
Acesso à floresta do rei

Em segundo lugar, Neemias pediu uma carta dirigida a Asafe, o guarda das matas do rei. Não era coincidência o fato de Neemias saber que uma das florestas do rei ficava próximo de Jerusalém. O mais surpre­endente era que ele sabia o nome da pessoa responsável por ela. Ao conseguir aquela autorização, Neemias sabia que teria acesso aos materiais necessários para reconstruir os muros e outras partes da cidade (veja o v. 8).

A CHAVE PARA O SUCESSO
O próprio Neemias descreve qual a “chave” que utilizou para receber aquela grande oportunidade de Artaxerxes. Após receber respostas positivas aos seus pedidos corajosos, disse: ” Visto que a bondosa mão de Deus estava sobre mim, o rei atendeu os meus pedidos” (Ne 2:8, NVI). Neemias havia trabalhado duro, preparando-se para quando surgisse o momento oportuno. Soube compartilhar as suas preo­cupações com o rei e demonstrou rara sabedoria ao responder às per­guntas do monarca.

Mesmo assim, no final das contas, ele reconhe­ceu que só havia obtido sucesso porque Deus o ajudara. Como veremos nos capítulos seguintes, essa qualidade caracterizou a vida de Neemias durante todo o seu ministério.

TORNANDO-SE UM HOMEM DE DEUS HOJE

Princípios de vida

Neemias via a liderança como o equilíbrio entre o elemento divino e o humano, sem levar em conta que tipo de tarefa pudesse realizar. Esta visão de Neemias é a maior lição que precisamos aprender. Este princípio se aplica a todos os aspectos de nossa vida, por exem­plo, liderar a família, fazer negócios ou sermos membros da igreja. Já vimos esse equilíbrio demonstrado na vida de Neemias. Ele ha­via orado e pedido a ajuda de Deus, pois sabia que seria difícil para ele resolver o problema sozinho. Entretanto, ele trabalhou muito, preparando-se da melhor maneira possível a fim de aproveitar o momento que o Senhor lhe reservara quando tivesse acesso ao co­ração e aos pensamentos do rei.

• Princípio 1: As vezes não somos tão eficientes quanto deveríamos, por não termos nos preparado adequadamente para as nossas tarefas.

Estou convencido de que as oportunidades surgem e, às vezes, as desperdiçamos por não estarmos preparados adequadamente para aproveitá-las. Em alguns casos, talvez nem as reconheçamos. Mas se as reconhecemos, muitas vezes não temos o conhecimento, nem o equilíbrio emocional, nem as habilidades necessárias para dar os pas­sos certos para obtermos sucesso.

Uma experiência desanimadora

Lembro-me de ter trabalhado ao lado de um pastor que passava gran­des períodos de tempo orando. Eu admirava aquela qualidade nele. No entanto, ele se recusava, entre outras coisas, a perder seu tempo com o planejamento de estratégias para alcançar novas pessoas.

Em certa ocasião, dediquei-me muito no planejamento de uma noite de evangelismo. Queria aproveitar aquela oportunidade para visitar outras pessoas da comunidade e convidá-las para conhecerem a nossa igreja. Aquele pastor e sua esposa vieram jantar em nossa casa antes de fazermos as visitas. Após o jantar, o pastor e sua família nos pediram licença para irem embora e disseram que estariam orando por nós.

Francamente, eu fiquei arrasado, pois havia trabalhado tanto, não apenas para preparar o grupo para aquela oportunidade, mas também para facilitar as coisas e fazer com que o outro pastor tam­bém participasse.

Por favor, não me entenda mal! Como pastor, estou ciente de que a nossa condição de líderes espirituais faz com que tenhamos outras responsabilidades das quais precisamos cuidar, por exemplo, as pessoas que precisam de aconselhamento urgente, a preparação de sermões, as prioridades da família etc. Mas naquela situação, não era isso que estava acontecendo. Essa foi a história de vida daquele ho­mem. Ele acreditava que a oração por si só fosse suficiente para atin­gir as pessoas. Aquele pastor não sabia que Deus também precisa dos nossos esforços para alcançar os outros e fazer novos contatos.

Um modelo clássico

Neemias também era um homem de oração. Contudo, ele nos ensi­na que a confiança apenas no poder da oração não é a única maneira usada por Deus para alcançar os seus objetivos na terra. Crer, pura e simplesmente, que ele é o soberano do universo é uma perspectiva teológica muito superficial. De fato, nosso Deus é soberano, mas deu a todos nós responsabilidades que, como seres humanos, deve­mos cumprir.

É verdade que algumas vezes fica difícil equilibrar esses dois con­ceitos de forma prática. No entanto, é essencial que mantenhamos esse equilíbrio para podermos agir com eficiência. Repetidas vezes esse equilíbrio é ilustrado pelas Escrituras, e Neemias é um exemplo clássico disso.

• Princípio 2: As vezes, podemos não ser tão eficientes como deve­ríamos porque estamos tentando fazer tudo baseados apenas em nossas próprias forças.

Esse é o outro extremo – o que chamo de “perigo do pêndulo”! Às vezes, falhamos como maridos, pais, homens de negócio, membros de igreja, porque tentamos resolver as coisas sozinhos. Não pedimos a ajuda de Deus. Contamos apenas com a nossa própria sabedoria e habilidades.

É verdade, podemos usar as palavras oração efé, mas elas por si são apenas palavras. Estamos dizendo a coisa certa, mas insistimos em resolver o problema de maneira mais humana do que espiritual.

Não é fácil manter esse equilíbrio. É um desafio constante. O mais natural é chegarmos aos extremos. Agimos como um pêndulo daqueles relógios antigos, que vão de um extremo ao outro. Fica difícil encontrar o equilíbrio adequado.

O resto da história

Deus responde às orações. Com ele, até mesmo o impossível passa a ser possível.
No final do capítulo anterior, compartilhei o início de uma his­tória. Enquanto éramos apenas um pequeno grupo de cristãos em Dallas, tivemos de passar por nossa própria experiência de “Jerusa­lém”. Nossos “muros” estavam “derribados” (veja Ne 1:3).

Traduzindo em linguagem moderna, acreditávamos que Deus desejava que começássemos uma nova igreja na área de Parle Cities, em Dallas, mas havia poucos locais disponíveis e todos eram muito caros. Era um quadro desanimador.

Procuramos um lugar durante um ano e meio. Sim, nós tam­bém oramos – mas não como Neemias. Depois decidimos seguir o seu exemplo. Num domingo à noite, durante um de nossos cultos:

•    Reconhecemos a grandeza de Deus.
•    Lembramos a Deus as suas promessas.
•    Confessamos nossos pecados e pedimos perdão em Cristo.
•    Oramos especificamente, pedindo a Deus que fizesse o que nos parecia ser impossível.

Nunca me esquecerei de como me senti no final daquela noite de louvor e oração comunitária. Quando estava voltando para casa com minha esposa, minha fé parecia estar se desfazendo dentro de mim. Eu sentia um nó na garganta e tinha a sensação de que havia algo pesando em meu estômago. Perguntei à minha mulher: “O que foi que eu fiz? E se nada acontecer? O que pode acontecer com aque­las pessoas nas quais eu criei grandes expectativas, e depois verem as suas esperanças frustradas?”

O que ocorreu em seguida demonstra por que precisamos orar em conjunto. Deus me deu fé suficiente para liderar aquele grupo du­rante todo o processo – e mesmo quando minha fé falhou, os outros continuaram crendo. Para dizer a verdade, o Senhor já estava respon­dendo às nossas orações. Naquela mesma noite, uma mulher que eu não conhecia havia participado de nosso culto pela primeira vez. Eu nem sabia que ela havia estado em nossa igreja até receber no dia se­guinte um telefonema do homem para quem ela trabalhava. Ele se prontificou a participar de uma reunião comigo, quando então podería­mos conversar a respeito da propriedade que estávamos procurando.

Aquela visitante era secretária daquele homem e, quando ela retomou o trabalho na segunda-feira, contou a ele o que havia visto na noite anterior. Ela repetiu a ele o meu sermão sobre o processo de oração de Neemias e ressaltou o modo como o estávamos usando na situação em que vivíamos. Mais tarde, soube que ela disse a seu chefe o seguinte: “Aquelas pessoas estão vivendo o verdadeiro cristianismo. Eles realmente acreditam que Deus responde às orações!” Obviamente eu fiquei entusiasmado com aquele comentário, até mesmo uma pes­soa recém-chegada à nossa igreja podia perceber que estávamos preo­cupados mas tínhamos muita fé.

Meu primeiro encontro com aquele homem resultou em uma segunda reunião, desta vez com a presença de muitos de nossos presbíteros. João se dispôs a fazer qualquer coisa que pudesse para nos ajudar a encontrar a propriedade. Tentamos analisar todas as possibili­dades, procurando pela melhor opção. Mas vários empecilhos surgi­ram contra nossas idéias. No final, nosso novo amigo nos perguntou se já tínhamos falado com um construtor em particular, que estava
construindo algumas casas na região de Carudi, num lote cedido pelo governo. Um de nossos companheiros nos contou que já havia conversa­do com aquele homem havia cerca de um ano e foi informado sobre a impossibilidade de conseguirmos um terreno para construir uma igreja lá.

E preciso esclarecer que aquele lote fazia parte de um grande projeto que estava em andamento e tratava-se de uma área seleciona­da, no centro de Dallas. Ficava ao lado de uma das principais estradas da região, a Via Expressa Central. Tanto do lado esquerdo quanto do direito daquela propriedade ficava Park Cities, a área ideal para os nossos propósitos. Ao norte, ficava um shopping center luxuoso, o North Park. Aliás, aquelas terras eram a única porção que ainda não estava totalmente construída naquela região.

Concordamos com a necessidade de falarmos novamente com aquele construtor.

Ficamos surpresos — e até mesmo comovidos — quando ele nos deu uma resposta positiva. Aquele homem nos mos­trou um terreno medindo cerca de 10.000 m2 no qual permitiria que construíssemos nossa igreja. Deus fez mais um milagre quando as outras pessoas envolvidas com aquele projeto concordaram em nos vender o lote por um preço bem abaixo do custo real da propriedade.

Mesmo assim, o preço pedido estava muito além das condições que nosso pequeno grupo dispunha. O Senhor havia nos levado até ali e sabíamos que ele continuaria abrindo as portas para nós. Outra prova disso foi que, após termos fechado o contrato, os terrenos da­quela área dobraram e posteriormente triplicaram de preço.

Nessa época, não conseguíamos entender muito bem a grandeza daquele milagre. Mais tarde ficamos sabendo que, se tivéssemos fala­do com aquele mesmo construtor uma semana antes, talvez não fos­se possível conseguir o terreno. Isso apenas nos mostra a natureza do poder divino em determinar o tempo certo para atender às nossas orações. Para ser franco, senti-me como se estivesse revivendo a ex­periência de

Neemias. Embora o que estava acontecendo conosco não possa ser comparado com a experiência de Neemias, para nós parecia ser algo de igual grandeza.
Aquele foi apenas o início de uma seqüência de milagres, desde o financiamento até o término do projeto. Num determinado momento quase perdemos a propriedade causada por uma desavença entre dois dos construtores envolvidos. Porém, “por coincidência”, porque havia duas senhoras cristãs presentes na reunião da assem­bléia consultiva de Dallas quando foi feita a votação, foi nos dada permissão para continuarmos a obra.

Outro milagre

Desde aquela época, a igreja tem crescido e alcançado centenas de pessoas. Um grande amigo meu, Bill Counts, tornou-se o novo pas­tor. Assim, eu e minha esposa seguimos em frente para dar início à igreja Fellowship Bible Church North em Plano, Texas, onde estou pastoreando no momento.

Sob a liderança de Bill, o trabalho continuou a crescer e a se expandir até o ponto de não poder mais receber tantas pessoas, em­bora realizassem quatro cultos durante o final de semana. Foi então que viram outro milagre acontecer! Eles venderam aquela proprieda­de para outra igreja menor e compraram alguns prédios que foram postos à venda após uma recessão que atingiu a área imobiliária na­quela região. Hoje em dia, a igreja tem um poder ilimitado de cresci­mento para alcançar pessoas para Cristo.

Tudo isso começou com (e resultou de) um pequeno grupo de cristãos que utilizaram o processo de oração de Neemias.

TORNANDO-SE UM HOMEM SÁBIO

Até que ponto você está equilibrando os fatores divino e humano em sua vida? Você está apenas sentado confortavelmente esperando que Deus faça tudo? Ou você está tentando fazer tudo sozinho?

É possível evitar esses extremos. Comece agora mesmo a descobrir esse equilíbrio a todo instante, dia-a-dia, uma semana após a outra, enquanto viver para Deus neste mundo.

Enquanto reflete a respeito destas diretrizes, ore e peça ao Espírito Santo que coloque em seu coração ao menos uma lição que você precise aplicar de maneira mais efetiva para alcançar esse equilíbrio.

Depois estabeleça um objetivo específico, por escrito. Por exemplo, talvez você precise pedir conselhos de outros membros maduros do corpo de Cristo para ajudá-lo a manter esse equilíbrio.

•    Consulte regularmente a Palavra de Deus.
•    Em tempos de crises e incertezas, use o processo de oração de Neemias, não importa quais sejam as suas preocupações, se­jam elas pequenas ou grandes.
•    Procure se aconselhar com outros membros maduros do cor­po de Cristo.
•    Avalie as circunstâncias cuidadosamente, mas não permita que elas o desanimem. O que talvez seja impossível pode ser realizável com a ajuda de Deus.
•    Interprete seus “sentimentos” a respeito do assunto. Às vezes, sentimentos de confiança não passam de orgulho próprio. Outras vezes, os sentimentos de angústia podem refletir rea­ções naturais e normais.

Lembre-se disto: caso Neemias tivesse se guiado pelos seus sen­timentos, ele teria desistido! E, devo admitir, se tivesse seguido os meus sentimentos quando tivemos de enfrentar uma enorme crise ao tentar iniciar uma nova igreja, eu também teria desistido! Sou muito grato por ter descoberto a oração-modelo de Neemias.
Estabeleça um objetivo

Anote em seu Caderno de Oração:

Com a ajuda de Deus, começarei a realizar imediatamente o seguinte objetivo em minha vida:

Memorize o seguinte texto bíblico
Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu po­der que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!

Efésios 3:20,21

Pr.Raul
Pr.Raul
Pastor do Ministério Nascido de Novo e coordenador do Seminário Teológico Nascido de Novo, Youtuber e marido da Irmã Vanessa Ângelo.

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