Introdução
UM HOMEM INCRÍVEL!
Neemias foi verdadeiramente um dos maiores líderes de todos os tempos. Os princípios demonstrados em sua vida são para nós são profundos, poderosos e práticos!
A experiência de Neemias toca a todos os cristãos – independentemente de sermos maridos, pais, pastores, presidentes de empresas, supervisores ou diretores.
Ele serve de modelo:
• Como orar quando não parece existir solução humana para nossos problemas.
• Como reunir fatores humanos e divinos quando estamos diante de situações tremendamente difíceis.
• Como manter o equilíbrio adequado entre o controle soberano de Deus do universo e a nossa responsabilidade humana numa balança apropriada.
• Como “planejar o nosso trabalho” e “trabalhar nos nossos planos” — e, ao mesmo tempo, confiar em Deus como nosso capacitador divino.
• Como lidar com o nosso desânimo e o dos outros.
• Como estabelecer alvos e alcançá-los quando tudo ao nosso redor parece estar desmoronando.
• Como motivar as pessoas quando a disposição delas chega ao “fundo do poço”.
• Como lidar com a ira e outras emoções negativas.
• Como aceitar a promoção e o sucesso sem abusar ou usar de modo errôneo os nossos privilégios.
• Como responder àqueles que fazem acusações falsas contra nós e caluniam os nossos motivos.
• Como ajudar as pessoas a terem em suas vidas a mesma perspectiva de Deus.
• Como encarar e resolver alguns dos problemas mais difíceis que teremos de enfrentar.
Neemias com certeza foi um homem fantástico! Deixe que o exemplo desse homem possa tocar a sua vida. Ainda que a maioria de nós talvez nunca precise enfrentar desafios no mesmo nível desse personagem do Antigo Testamento, certamente de algum modo passaremos por situações que vão nos exigir grande esforço. Até os “pequenos problemas” parecem ser grandes quando atingem as nossas emoções. A perspectiva de Neemias sobre a oração e sua persistência irão ajudar a todos nós a enfrentarmos os desafios para obtermos as vitórias. Neemias realmente nos ensina que tudo podemos naquele que nos fortalece (Fp 4:13).
Bem-vindo a outro fascinante estudo de personagens do Antigo Testamento que começamos hoje, espero que gostem!
UM PODEROSO PROCESSO DE ORAÇÃO
Leia Neemias 1:1-11
A vida e o exemplo de Neemias têm um grande significado para mim. Sua maneira de abordar a oração – quando precisou defrontar-se com o que parecia ser uma tarefa impossível – marcou minha vida! Muitas vezes usei o seu “processo de oração” como modelo quando me deparei com grandes desafios em meu ministério.
Irei compartilhar posteriormente algumas das repostas de oração mais milagrosas que já tive a oportunidade de experimentar. Como você verá, não foi uma simples coincidência que essas respostas surgissem quando resolvemos seguir o “processo de oração” de Neemias.
UM HOMEM USADO POR DEUS
Algumas pessoas ocupam um lugar especial plano de Deus — pessoas que o Senhor escolhe para usar de maneira única para alcançar os propósitos dele. Neemias foi uma dessas pessoas especiais.
A história de Neemias não ocupa o mesmo espaço destinado a alguns dos outros líderes do Antigo Testamento que Deus escolheu para causar impacto na vida dos israelitas. Mesmo assim ele certamente se destaca nas páginas das Escrituras como um dinâmico líder espiritual. Aliás, podemos aprender mais com esse homem a respeito das qualidades de liderança e habilidades específicas do que com a maioria dos personagens bíblicos.
É quase certo que Neemias tenha nascido durante o período de exílio. O nome de seu pai era Hacalias (veja 1:1), e seus avós provavelmente foram levados cativos quando Jerusalém caiu diante dos babilônios. Além dessas informações, sabemos muito pouco a respeito de sua família e criação. Na narrativa bíblica ele surge de maneira repentina, já adulto, pronto a ser usado para alcançar os propósitos de Deus.
O PECADO DIVIDE
Por causa dos pecados do rei Salomão, o reino de Israel se dividiu em duas partes. O reino do Norte no princípio foi governado por Jeroboão. Por sua vez, as tribos que formavam o reino do Sul (Judá e Benjamim) tinham a Roboao como rei. Os dois reinos continuavam a se caracterizar por sua idolatria e imoralidade. E, conforme Deus os havia alertado anteriormente, ele julgou Israel como um todo. As tribos do Norte foram levadas cativas pelos assírios. Alguns anos mais tarde, o reino do Sul também foi conquistado e seus habitantes deportados para a Babilônia.
Os israelitas que formavam o reino do Norte, Israel, foram “absorvidos” pelas várias culturas e comunidades do mundo. No entanto, o povo que vivia no reino do Sul, Judá, continuou intacto. Quando os medos e os persas capturaram Babilônia, muitos dos filhos de Israel começaram a voltar para a terra de Canaã. Isso aconteceu aproximadamente 70 anos após a sua deportação (veja a figura 1.1).
Reconstruindo o Templo
O primeiro grupo voltou a Judá sob a liderança de Zorobabel, por volta de 536 a.C. Apesar da grande oposição dos samaritanos, eles acabaram conseguindo reconstruir o templo (veja figura 1.2).
Renovação em Israel
Cerca de cem anos depois, Esdras liderou um segundo grupo de judeus que retornou à terra prometida (veja Ed 7:1-10). Quando eles chegaram, descobriram que aqueles que haviam se dirigido para lá antes deles e seus filhos, nascidos durante aquele período, viviam num estado de grande corrupção moral e espiritual. Assim como seus antepassados, aqueles judeus haviam casado com infiéis que viviam nas nações ao redor de Israel e estavam entregues a práticas abomináveis de idolatria e outros costumes pagãos.
Esdras encarou o problema de frente e começou a ensinar a eles as leis de Deus. Como normalmente acontece, quando o povo de Deus é ensinado com fidelidade a obedecer à vontade do Senhor, ele acaba se afastando dos pecados.
Reconstruindo os muros
O ministério de Esdras preparou o caminho para que Neemias surgisse em Israel. Sob condições difíceis, ele desafiou os israelitas a reconstruir as muralhas da cidade e, por fim, acabou liderando-os no restabelecimento de sua vida espiritual, social e econômica — um feito milagroso.
UM MODELO PODEROSO!
Um dos principais objetivos deste livro é analisar cuidadosamente o estilo de liderança de Neemias. Seu exemplo proporciona um modelo poderoso para todos nós – independentemente da posição que ocupemos. Iremos aprender princípios que nos ajudarão a trabalhar de maneira mais produtiva como membros da família eterna de Deus – seja como marido, pai, gerente, executivo, diretor de Escola Bíblica Dominical, líder de jovens ou pastor. O diário de Neemias, o livro da Bíblia que leva o seu nome, está repleto de lições que podem mudar nossas vidas e as daqueles a quem lideramos.
UM HOMEM DE CARÁTER
Algum tempo após os judeus terem começado a voltar para Canaã, Neemias chamou a atenção de Artaxerxes, o rei da Pérsia. Ele acabou se tornando o copeiro pessoal daquele poderoso monarca – o homem que provava o vinho que o rei deveria tomar e vigiava o seu quarto. Sem dúvida o rei Artaxerxes consultava Neemias e lhe pedia conselhos.
O simples fato de Neemias ocupar aquele cargo de confiança na corte do rei demonstra o seu excelente caráter. Aquele rei pagão nunca confiaria em um homem que não fosse o exemplo de honestidade total, fidelidade e grande sabedoria. Como veremos nas páginas seguintes, Neemias era esse tipo de homem, pois nunca se esqueceu do Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Ele tinha um grande amor pelo Senhor e se comprometeu a obedecer às leis de Deus, apesar de viver num ambiente pagão.
UM HOMEM COMPASSIVO
Certo dia, em meio à sua vida luxuosa, a rotina de Neemias foi interrompida por um grupo de homens que havia vindo de Judá. Entre eles estava Hanani, um de seus irmãos. Neemias não se conteve de tanta alegria ! Aquela foi a primeira vez que ele se reencontrava com um membro de sua família que vinha de Jerusalém. Aquela também foi a primeira oportunidade que teve de obter informações sobre os judeus que haviam partido anteriormente sob a liderança de Zorobabel e de Esdras. Mas qualquer satisfação que ele possa ter sentido inicialmente de repente se dissipou. O relato era desanimador: “Os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas, queimadas” (Ne 1:3).
Neemias ficou tão angustiado e perturbado emocionalmente com essas más notícias que se assentou, chorou e lamentou por alguns dias (v. 4). Não sabemos exatamente quantos dias foram, mas alguns calculam que podem ter sido pelo menos quatro meses. Ele estava tão preocupado com seus irmãos judeus que se recusava a comer -pelo menos de maneira regular – e dedicava horas e dias à oração (veja v. 4).
Pense por um instante no que isso significa! Neemias tinha acesso à cozinha do rei e às melhores comidas e bebidas do reino. Como seria fácil para ele não se preocupar com o problema de Jerusalém! Mas, em vez de jejuar, ele poderia ter se fartado de boa comida para diminuir a ansiedade e afogado suas mágoas com as melhores bebidas. Mas não foi isso que ele fez! Neemias não podia (ou não queria) esquecer ou ignorar a dor que sentia. Seu confortável modo de vida apenas acentuava sua preocupação com os seus irmãos e irmãs que haviam voltado para Jerusalém.
Todas essas atitudes e ações nos dão evidências do caráter nobre de Neemias – e sua profunda preocupação com os outros. O altruísmo é obviamente um poderoso indício do caráter de uma pessoa.
UM HOMEM DE ORAÇÃO
Não foi por acaso que o Espírito Santo levou Neemias a descrever sua experiência de oração. Neemias não apenas ressaltou como orava, mas sobre o que orava.
Ele reconheceu a grandeza de Deus
Neemias encarou o fato de que não poderia resolver aquele problema sozinho. Do ponto de vista meramente humano, aquela era uma situação impossível de ser resolvida. Mas o copeiro do rei também sabia que Deus não está restrito pelas limitações humanas. Ele é o Deus onipotente. Com ele todas as coisas são possíveis!
Era dessa maneira que Neemias via a Deus. Isso explica por que ele começou a sua oração dizendo: “Ah! Senhor [Yahweh], Deus dos céus, Deus grande e temível…” (v. 5).*
Em meio a seu desespero, Neemias levantou sua voz e abriu seu coração, reconhecendo a imensurável grandeza de Deus — seu poder incomparável, sua onisciência, sua onipresença e sua majestade. Ao usar o nome divino Yahweh, ele também estava reconhecendo que Deus nunca deixa de cumprir suas promessas. Isso explica o que ele disse a seguir em sua oração.
Ele lembrou a Deus a sua aliança com Israel
As palavras de Neemias foram: “Ah! Senhor [Yahweh], Deus dos céus… que guardas a aliança e a misericórdia para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamenfos!” (v. 5). Continuando a oração, ele foi ficando mais específico e lembrou a Deus suas promessas a Israel:
Lembra-te da palavra que ordenaste a Moisés, teu servo, dizendo: Se transgredirdes, eu vos espalharei por entre os povos; mas, se vos converterdes a mim, e guardardes os meus mandamentos, e os cumprirdes, então, ainda que os vossos rejeitados estejam pelas extremidades do céu, de lá os ajuntarei e os trarei para o lugar que tenho escolhido para ali fazer habitar o meu nome (v v. 8,9).
Por que Neemias lembrou ao Deus onisciente as promessas que havia feito? Se o Senhor sabe todas as coisas, como ele poderia esquecer-se delas?
Claro que o Senhor nunca se esquece! Entretanto, essa é uma lição poderosa que podemos aprender a respeito da oração. Deus se agrada de escutar seus filhos relembrando-lhe suas promessas quando estão falando com ele.
No caso de Neemias, isso indica algo mais. Nem todos os filhos de Israel haviam se esquecido do Senhor. Neemias era um deles. Todavia, assim como seu predecessor Daniel (veja Dn 9:4-6), o copeiro do rei agora estava se incluindo nos pecados cometidos por Israel.
Ele confessou o pecado de Israel
“Estejam, pois, atentos os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos, para acudires à oração do teu servo, que hoje faço à tua presença, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, os quais temos cometido contra ti; pois eu e a casa de meu pai temos pecado. Temos procedido de todo corruptamente contra ti, não temos guardado os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos que ordenaste a Moisés, teu servo” (Ne 1:6, 7).
Tanto Neemias quanto Daniel continuaram fiéis ao Senhor durante o cativeiro. Porém, ambos não avaliaram o grau de envolvimento que porventura tiveram no fracasso de Israel como nação. Foi por esse motivo que eles confessaram o pecado de Israel e se incluíram nele.
Mas Neemias e Daniel não foram os únicos que se mantiveram fiéis a Deus durante o cativeiro. Isso também fica evidente na oração de Neemias. Havia outros que não se dobraram diante de falsos deuses. Por isso ele orou: “Ah! Senhor, estejam, pois, atentos os teus ouvidos à oração do teu servo e à dos teus servos que se agradam de temer o teu nome” (v. 11).
No desenrolar da história de Israel, por mais graves que fossem seus pecados e apesar de seu fracasso como nação, sempre houve um remanescente que se recusava a seguir o paganismo. Foi assim que agiram os três amigos de Daniel (Sadraque, Mesaque e Abede-Nego), que muitas vezes ficavam sozinhos, recusando-se a servir a outro deus que não fosse aquele que os havia trazido da terra do Egito para Canaã (veja Dn 3:12). Enquanto muitos pagaram com suas próprias vidas, o maior de todos os preços, havia outros a quem Deus protegeu. Neemias era um deles.
Estou convencido de que isso serviu para aumentar seu senso de obrigação e fazer algo pelos membros de sua família que estavam em Jerusalém. Assim como Ester, ele sentia que havia chegado à sua posição real “para um momento como este” (Et 4:14, NVI).
Ele pediu a Deus ajuda específica durante o prolongado período de oração e jejum de Neemias, o Senhor deixou claro para ele que havia apenas uma pessoa na terra que poderia ajudá-lo a encorajar seus irmãos judeus em Jerusalém: o rei a quem ele servia. Foi por este motivo que o copeiro real orou de maneira tão específica: “concede que seja bem sucedido hoje o teu servo e dá-lhe mercê perante este homem” (Ne 1:11b). “Este homem”, a quem ele estava se referindo, era o rei Artaxerxes.
UM HOMEM GENEROSO!
O pedido de oração específico feito por Neemias reflete seu caráter. Ele não estava apenas se dispondo a orar pelo seu povo. Também se oferecia para ser o canal pelo qual o Senhor poderia operar para libertar seu povo da situação desesperadora que estava vivendo em Jerusalém.
Essa certamente não foi uma decisão fácil para Neemias. Ele não era ingênuo, sabia o que estava diante de si. Deixar a corte do rei e ir para Jerusalém era o mesmo que abrir mão de sua posição que lhe garantia total segurança e proteção. Seria o mesmo que arriscar sua vida – algo que Neemias estava disposto a fazer!
Essa é a maior das demonstrações de amor e generosidade. Muitos séculos depois, Jesus Cristo fez o mesmo, e o apóstolo João nos lembra que é desse modo que conhecemos o amor como ele realmente é! Jesus Cristo “deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1 Jo 3:16). Neemias já era esse tipo de homem muito antes de Jesus Cristo e seu exemplo incomparável!
TORNANDO-SE UM HOMEM DE DEUS HOJE
Princípios de vida
Se você está aberto para que o Espírito Santo lidere a sua vida, então provavelmente já percebeu algumas das convincentes lições que surgem de nosso estudo. A integridade pessoal de Neemias, sua profunda preocupação, sua generosidade e intensa compaixão e amor pelos outros parecem “saltar para fora” das páginas das Escrituras.
Mas e quanto à sua vida de oração? Neemias certamente acreditava que “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5:16). E isso não era algo que ele simplesmente dizia. Ele orava! Em meio a esse tempo de crise, ele derramou seu coração e sua alma diante do Senhor.
Neemias demonstra assim que nos momentos em que sentimos dor e impotência precisamos nos lembrar de que podemos contar com Deus – aquele que pode nos ajudar a passar pelos momentos mais difíceis da vida. O copeiro do rei deu vida às palavras que Davi escreveu: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (SI 23:4).
O que faz da oração de Neemias algo tão especial é o que ela nos ensina em relação ao processo que pode ser aplicado em nossas vidas durante os momentos de crise. Antes de ver quais são os passos espe-cihcos que podemos dar nesse processo e como eles se aplicam às nossas vidas, precisamos observar as atitudes e ações de Neemias antes da oração em si. Isto faz parte do processo tanto quanto as palavras que saíam de seus lábios.
• Princípio 1: Assim como Neemias, devemos orar movidos por um coração profundamente preocupado.
O coração de Neemias estava cheio de compaixão pelos judeus que sofriam em Jerusalém. Por isso ele persistiu em sua oração dia após dia. Como conseqüência, o coração de Deus foi tocado.
Uma parábola de Jesus
Jesus nos ensinou essa verdade quando contou a parábola do juiz iníquo e da viúva pobre. O juiz a que Jesus se referia era um homem que dizia: “não temo a Deus, nem respeito a homem algum” (Lc 18:4). No entanto, ele atendeu ao pedido de ajuda da mulher. Isso ocorreu principalmente porque ela continuou a importuná-lo.
Se um magistrado pagão deu ouvidos a uma viúva pobre, muito mais Deus — que é ura juiz justo — “fará… justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite” (Lc 18:7).
Neemias é uma ilustração do Antigo Testamento que demonstra a verdade que Jesus estava ensinando naquele dia.
• Princípio 2: Assim como Neemias, devemos fazer com que a oração seja a prioridade sobre outras coisas.
Na Bíblia, o jejum muitas vezes está associado com a oração. Por exemplo, pense a respeito dos homens que estavam reunidos na igreja de Antioquia. Paulo e Barnabé estavam entre eles, e foi durante esse período, quando estavam “servindo… ao Senhorejejuando”, que o Espírito Santo disse: “Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13:1,2).
O propósito do jejum não é a simples abstenção de comida para ver se podemos alcançar uma graça especial de Deus. Em vez disso, a prática do jejum mostra a Deus que estamos mais dispostos a passar algum tempo falando com ele do que preocupados em satisfazer nossas necessidades físicas.
Outra ilustração
O apóstolo Paulo referiu-se à abstenção de relações sexuais no casamento, em certas ocasiões, para que as pessoas passassem mais tempo em oração. Na verdade, ele deixou bem claro que esse era o único motivo válido para nos abstermos dessa responsabilidade conjugai
(veja 1 Co 7:5).
Nesses dois exemplos, as Escrituras estão nos ensinando que existem certas ocasiões em que devemos nos abster de suprir nossas necessidades físicas e emocionais para passarmos mais tempo conversando com Deus sobre outras preocupações e necessidades mais importantes. Quando fazemos isso, o coração do Senhor é tocado de um modo especial. Isso demonstra nossa sinceridade e disposição em sacrificar nossas necessidades e desejos para chamarmos a atenção de Deus. E um verdadeiro teste para os nossos propósitos e o momento ideal para avaliarmos o que é mais importante em nossa vida.
Neemias ilustra tudo isso de modo contundente. Mesmo tendo à sua diposição a melhor comida do reino, ele se abstinha de comer para poder dedicar o seu tempo à oração. Dia após dia, semana após semana, ele derramou sua alma diante do Senhor pedindo em favor de seus irmãos e irmãs que estavam em Jerusalém. Como resultado, o coração de Deus foi tocado profundamente.
• Princípio 3: Assim como Neemias, devemos orar de maneira persistente.
Jesus confirmou esse princípio na parábola que mencionamos anteriormente. O juiz iníquo respondeu à pobre viúva porque ela “se dirigia continuamente a ele” (Lc 18:3, NVI).
Mais uma vez a lição é clara! Se um homem rico, que não se importava nem um pouco com as necessidades de uma mulher pobre, respondeu a ela por causa da persistência dela, muito mais Deus, que se importa com todas as nossas necessidades, responde quando clamamos a ele “dia e noite” (Lc 18:7; cf. Mt 6:25,26).
Neemias certamente ilustra essas palavras verdadeiras. O Senhor honrou a persistência de suas orações!
• Princípio 4: Assim como Neemias, devemos reconhecer que Deus
é grande e tremendo.
Já que Deus é totalmente santo e o soberano Senhor do Universo, devemos nos aproximar dele com temor e reverência. Jesus também ensinou a seus discípulos essa verdade com sua própria oração-mo-delo, quando disse: “Portanto, vós orareis assim:
Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (Mt 6:9).
Não entenda mal! O Senhor também é nosso amigo – mas nunca devemos “abusar” dessa amizade. Ele continua sendo Deus, e nós somos sua criação. É somente por causa do que Jesus Cristo fez por nós que podemos nos aproximar de seu trono da graça (veja Hb 4:16).
Um novo e vivo caminho
Ainda que Deus é grande e tremendo, não devemos hesitar em nos aproximar dele com oração. Em todos os momentos do dia somos bem-vindos em sua presença. O mais impressionante de tudo é que ele está interessado em cada detalhe de nossas vidas. Não se esqueça de que Deus já providenciou uma maneira de nos aproximarmos dele.
Se você está tendo dificuldades em entender essas grandes verdades, medite a respeito desta passagem do Novo Testamento:
Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura.
Hebreus 10:19-22
• Princípio 5: Assim como Neemias, também devemos lembrar a
Deus as suas promessas.
Quando verbalizamos para Deus o que ele nos prometeu, estamos demonstrando que na verdade conhecemos as suas promessas e cremos nelas.
Um poderoso processo de oração
Pense por um instante em um professor que está fazendo um teste com um grupo de alunos. O que acontece emocionalmente com esse professor quando seus alunos demonstram ser capazes de verbalizar corretamente o que aprenderam? Posso responder a essa questão, pois trabalhei como professor durante muitos anos. Com certeza iria me sentir amado e desejado por saber que eles prestaram atenção em mim!
Por sermos humanos, é difícil entendermos por que o Senhor gosta de ser ouvido. Ele nos responde de maneira positiva quando repetimos em oração as coisas que ele nos ensinou. Nunca deveríamos hesitar em lembrar a Deus aquilo que ele já sabe!
• Princípio 6: Assim como Neemias, devemos reconhecer os nossos pecados e nossa indignidade, bem como as nossas fraquezas e falhas humanas.
Os cristãos de hoje têm uma vantagem sobre Neemias: sabemos que Jesus Cristo morreu por nós. E o apóstolo João nos lembra que “Se… andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1:7). João também declarou que “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (v. 9).
Qual é a nossa vantagem?
Neemias dependia de sacrifícios de animais e do sangue de bodes e touros – sacrifícios que prefiguravam o perfeito Cordeiro de Deus (veja Hb 9:11-14). Uma vez que Jesus morreu por nós, seu sangue continua nos purificando de todo pecado. Se alguma vez aceitamos verdadeiramente o sacrifício que ele fez por nós, já somos perdoados em Cristo. No entanto, devemos continuar andando na luz, reconhecendo nossa pecaminosidade. Quando fazemos isso, o Senhor responde às nossas orações.
O que isso significa?
Isso significa que não devemos buscar perdão quando pecamos? De modo nenhum! No entanto, significa que nossa salvação está segura em Cristo por causa do seu sangue, que continuamente nos limpa. Porém, se desejamos que Deus responda às nossas orações, devemos andar em comunhão com o Senhor, livre de pecados deliberados. Quando pecamos propositalmente contra Deus, devemos pedir perdão, sabendo que ele já nos perdoou em Jesus!
• Princípio 7: Assim como Neemias, devemos ser específicos em nossas orações, se quisermos receber respostas específicas.
Paulo tratou dessa questão quando escreveu aos filipenses: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Fp 4:6).
Tudo que diz respeito a nós é importante para Deus. Não há nada em nossas vidas que seja tão insignificante a ponto de o Senhor não se interessar. Mas, para obtermos respostas específicas para nossas orações, devemos ser também específicos em nossas petições.
Quando você pensar a respeito da oração, medite na maravilhosa conclusão que se segue a oração específica de Paulo pelos cristãos efésios: “Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Ef 3:20,21).
Utilizando o “processo de oração” de Neemias
Já mencionei no início deste capítulo que a vida e o exemplo de Neemias tiveram grande importância em minha vida. Os motivos para isso estão relacionados com a sua oração-modelo. Agora me permita ilustrá-la!
Estou envolvido com a implantação de igrejas desde 1972. Após ter iniciado uma igreja que se tornou bem-sucedida, deixei a igreja mãe para ajudar na criação de uma nova igreja na área de Park Cities, em Dallas. Um grupo de membros estava convicto de que
Deus desejava um novo local de testemunho naquela parte da cidade. Entretanto, dentro de pouco tempo descobrimos que estávamos diante do que parecia ser uma tarefa impossível. Os preços das propriedades naquela área estavam muito além de nossas condições financeiras. Havia poucos lugares disponíveis para serem alugados, e nenhum deles era grande o suficiente para abrigar uma igreja. A complexidade do problema se refletia no fato de que durante quase 25 anos, ninguém havia construído uma igreja sequer naquela parte da cidade.
Procuramos por um lugar e oramos a respeito durante meses -enquanto isso, nas noites de domingo reuníamos em um espaço alugado. Para ser honesto, muitos de nós estavam ficando bastante desanimados. Sentíamos que talvez fosse melhor desistir e voltar para nossa igreja-mãe. Já tínhamos aprendido pela experiência, ao começarmos várias outras igrejas, que em nossa cultura é muito difícil manter um ministério sem que haja um local permanente para as reuniões – especialmente naquela região dos Estados Unidos.
Enquanto eu tentava entender a realidade das coisas, o Espírito Santo me levou a rever o processo de oração de Neemias. Consigo me lembrar vividamente de como me identifiquei com a sensação de abandono experimentada por Neemias. Do ponto de vista humano, eu não via solução. Também comecei a pensar sobre quanto tempo nosso pequeno grupo estaria disposto a participar de um ministério que parecia estar vacilante, por causa de nossa busca sem resultados por uma propriedade. Estávamos todosficando impacientes. Além disso, mesmo se “encontrássemos” algum lugar, como iríamos pagar por ele?
Quanto mais estudava o que o copeiro do rei fez — e o modo como agiu — mais me convencia de que deveria compartilhar o seu processo de oração com nossa pequena igreja. Quando olho para trás, vejo que o Senhor me deu fé naquele momento para acreditar que a maneira de Neemias orar também podia funcionar conosco. Assim sendo, fiz um esboço da experiência de Neemias para todos — do mesmo modo que apresentei no início deste capítulo. Depois disso, liderei nossa igreja conforme esse líder do Antigo Testamento. A diferença, claro, é que não se tratava apenas de minhas orações, mas das orações de um grupo de cristãos.
1. Reconhecemos a grandeza de Deus utilizando as Escrituras, hinos e orações.Enquanto adorávamos ao Senhor dessa maneira, nós lhe dissemos que reconhecíamos e acreditávamos que ele podia encontrar um terreno e/ou um local permanente de reuniões para nós — mesmo que isso parecesse ser algo humanamente impossível. Se ele foi capaz de resolver o problema de Neemias, por que não o faria com o nosso?
2. Lembramos a Deus as promessas que ele fez a nós. Pedi a vários membros do corpo a abertamente compartilhar declarações das Escrituras com o Senhor. Lembro-me vividamente de que uma pessoa repetiu as palavras de Jesus registradas por Mateus em seu evangelho: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á” (Mt 7:7,8).
3. Confessamos os nossos pecados a Deus. Uma vez mais, usamos as declarações das Escrituras. Também compartilhamos os nossos fracassos humanos, usando nossas próprias palavras. Confessamos nossa falta de fé e também clamamos por perdão, baseados na maravilhosa promessa de 1 João 1:9.
4. Fomos bastante específicos em nossas orações. Naquela altura, pedimos a Deus que nos levasse até as pessoas que poderiam nos ajudar – tanto cristãos quanto não cristãos. Lembramos ao Senhor que, se ele pôde usar Artaxerxes, também podíamos crer que pessoas em Dallas poderiam nos ajudar, se ele tocasse os seus corações e nos desse a oportunidade de mostrar a elas as nossas necessidades.
Também pedimos por recursos financeiros milagrosos, pois os nossos eram limitados. Éramos um pequeno grupo de pessoas, e nenhum de nós podia ser considerado rico. Mal tínhamos dinheiro suficiente para pagar o aluguel do lugar que
estávamos usando e cuidar dos salários de algumas pessoas que trabalhavam a metade da jornada de trabalho. Estávamos orando por um milagre! Naquele momento, sentimos que já tínhamos esgotado todos os nosso recursos humanos.
O milagre aconteceu
O Senhor respondeu às nossas orações de modo diferente do que tínhamos imaginado. Ficamos impressionados com sua graça. Por favor, entenda que nada aconteceu de imediato e de modo completo. Tivemos de passar por várias dificuldades.
Mas, depois de algum tempo, Deus revelou um plano que era completamente sobrenatural. No próximo capítulo vou compartilhá-lo com você, pois ele se relaciona de maneira dramática com as experiências que Neemias teve com as respostas de suas orações.
TORNANDO-SE UM HOMEM DE ORAÇÃO
Enquanto avalia os seguintes princípios, ore e peça ao Espírito Santo que sobrevenha ao seu coração uma ou duas lições das quais você precisa para aplicar de maneira mais efetiva em sua vida de oração. Depois estabeleça um objetivo específico, por escrito. Por exemplo, talvez você seja alguém que não abra mão de prazeres e necessidades pessoais a fim de se dedicar mais às orações. Ou talvez você nunca tenha sido persistente nelas.
• Devemos orar movidos por um coração cheio de fervor.
• Devemos dar à oração maior prioridade.
• Devemos orar de maneira persistente.
• Devemos reconhecer que Deus é grande e poderoso.
• Também devemos lembrar a Deus as suas promessas.
• Devemos reconhecer tanto os nossos pecados e indignidades como as nossas falhas e fraquezas humanas.
• Devemos ser específicos em nossas orações se quisermos receber repostas específicas.
Estabeleça um objetivo
Com a ajuda de Deus, começarei a realizar imediatamente o seguinte objetivo em minha vida: Anote seu objetivo
Memorize o seguinte texto bíblico
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidas a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.
Filipenses 4:6,7, NVI