Perguntas Normativas:
‑ Em que sentido o ensino posterior de Jesus reflete a deterioração de relacionamento entre Ele mesmo e os judeus?
‑ Como foi que Jesus defendeu o estilo e o conteúdo de Seu ministério?
‑ De acordo com quais diretrizes teológicas o ensinamento posterior de Jesus lançou as bases para a doutrina apostólica, mesmo a mais desenvolvida?
Debate durante a festa dos Tabernáculos.
Quando Jesus, a princípio, não apareceu durante a festa dos Tabernáculos, o povo pôs‑se a debater a respeito de Sua pessoa. Os debates, entretanto, se amainaram, devido ao temor do que poderiam fazer os líderes judeus. E quando, finalmente, Ele apareceu, ouviu alguns judeus indagando como era Ele capaz de participar de debates teológicos, sem haver recebido treinamento prévio em alguma escola rabínica. (“Como sabe este letras, sem ter estudado?” é pergunta que não alude à capacidade de ler e escrever, e, sim, ao treinamento teológico.) Em resposta a tal pergunta, Jesus asseverou que o Seu ensino se originava em Deus, o qual O havia enviado. E quando Jesus sugeriu que estavam buscando tirar‑Lhe a vida, o povo escarneceu Dele. Talvez fingissem ignorar os planos traçados pelos seus líderes. No entanto, devem ter tido conhecimento dos mesmos, pois haviam temido falar abertamente sobre Jesus, e mais tarde indagaram, admirado, por que seus superiores não O detinham imediatamente. Em seguida, Jesus defendeu a cura do paralítico à beira do tanque de Betesda (João 5), por ele realizada, observando que a própria lei mosaica ensinava ser a circuncisão, a qual afeta somente um membro do corpo, mais importante do que o sábado, ao requerer que aquele rito fosse cumprido ao oitavo dia do nascituro, embora tal dia fosse o sábado. Quanto mais a cura de um homem inteiro neutralizava a lei sabática!
Os judeus, entretanto, insistiam que Jesus não podia ser o Messias, porquanto sabiam que Ele viera de Nazaré. É que os judeus
pensavam que a origem do Messias seria um mistério. E quando Jesus anunciou que se retiraria, os judeus conjecturaram que haveria uma missão entre os judeus da dispersão, fora da Palestina, ou talvez até entre os gentios (os “gregos”). Pelo espaço dos sete primeiros dias da festa dos Tabernáculos, os sacerdotes costumavam transportar água, em vasos de ouro, desde o poço de Siloé até ao templo, para uma oferta de libação.(Ver a citação, na Mishna, extraída de Sukkah 4.1,5 ss., na obra de C. K. Barrett, The New Testament Background, págs. 157‑159.) No oitavo (ou sétimo) dia da festa, que era o dia culminante, Jesus clamou às multidões, nos átrios do templo, de que Ele era a fonte de onde manava a verdadeira água espiritual, o Espírito transmissor de vida. Mas a maioria dos judeus, ignorando ter Ele nascido em Belém, objetava, dizendo que Jesus não podia ser o Messias, porquanto viera da Galiléia, e não de Belém da Judéia (vide Miquéias 5:2). Portanto, neste trecho bíblico, refletem‑se dois pontos de vista evidentemente contraditórios, correntes entre os judeus, de que a origem do Messias ou seria desconhecida, ou que se sabia que Ele nasceria em Belém. Ler João 7:11‑52 (§ 96).
A mulher apanhada em adultério.
A história da mulher apanhada em adultério não faz parte integrante das Escrituras canônicas. Os melhores e mais antigos manuscritos, que não haviam sido ainda descobertos ao ser feita a tradução inglesa do King James, em 1611, omitem‑na inteiramente. Manuscritos posteriores e inferiores, inseriram‑na em diversos lugares. Os próprios princípios da crítica textual, que asseguram o caráter fidedigno do resto do Novo Testamento, eliminam essa passagem. Por outro lado, insistir sobre a originalidade dessa passagem, no texto do Novo Testamento, é solapar a base da certeza de que possuímos um texto substancialmente exato em outros trechos do Novo Testamento. A própria narrativa, entretanto, pode ter sido um episódio autêntico, tendo sido preservado na tradição oral cristã antes de sua interpolação no texto canônico. Ler João 7:53 ‑ 8:11 (§ 97).
Os acusadores de Jesus tentaram envolvê‑Lo nos meandros de um dilema. Se Ele recomendasse a pena de morte, de acordo com a legislação mosaica, poderiam acusá‑Lo de voltar‑se contra as autoridades romanas, as quais tinham proibido os judeus de imporem a pena de morte. E se Ele não recomendasse a pena de morte, poderiam destruir a reputação de Jesus, anunciando ao povo que Jesus não era leal à lei de Moisés. Era costumeiro que o acusador mais idoso fosse o primeiro a atirar pedra. O centro de atenção, por conseguinte, passou para o indivíduo de mais idade, quando Jesus desafiou: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra”. Cada acusador foi‑se retirando, conforme se foi tornando o mais idoso do grupo, quando alguém mais idoso que ele se afastava. Várias sugestões a respeito do que Jesus teria escrito no chão são inconclusivas. A recomendação final, “não peques mais”, isentou o ensino de Jesus de alguma atitude lassa para com a imoralidade sexual.
A luz do mundo.
Durante toda a festa dos Tabernáculos, que perdurava por uma semana, os judeus mantinham quatro gigantescos candelabros acesos, na área do templo, a fim de comemorar a coluna de fogo que guiava e guardava o povo de Israel no deserto. Tal costume serviu de pano‑de‑fundo para a declaração que Jesus fez, de ser Ele mesmo a verdadeira luz espiritual. A luz, todavia, impõe julgamento às trevas. E, assim sendo, Jesus jogou com diversos sentidos possíveis do verbo julgar: (1) formar opinião sobre algo, neste caso de maneira humana e superficial; (2) condenar; (3) fazer discriminação entre coisas. Quando os judeus indagaram: “Onde está teu Pai?” não pretendiam tão‑somente desafiar Jesus a apresentar Seu pai como uma testemunha; estavam igualmente insinuando que Ele nascera como filho adulterino. Ler João 8:12‑20 (§ 98).
Os descendentes de Abraão.
Ler João 8.21‑59 (§ 99). Na declaração feita por Jesus, no sentido que os judeus incrédulos eram daqui debaixo, e que Ele era do alto (versículo 23), “cá de baixo” e “lá de cima” significam “terra” e “céus”. A assertiva dos judeus, que se declararam livres, olvidava sua servidão política a Roma e aos impérios mundiais anteriores; mas talvez tivesse o intuito de frisar a liberdade interior e espiritual. E ante a ufania deles, de serem descendentes de Abraão, Jesus replicou dizendo que a descendência espiritual é muito mais importante do que a descendência física. Na verdade, os judeus se tinham escravizado à servidão do pecado, de tal modo que se assemelhavam muito mais a Ismael, que nascera como escravo, do que ao Livre Isaque. A afirmativa, “Antes que Abraão existisse, eu sou”, equivalia à reivindicação de ser Ele o eterno Deus da redenção, Javé, o Eu sou quem sou (vide Exodo 3:14). Exodo 3:14).
O cego curado e excluído.
Alguns judeus ensinavam que um homem podia ter pecado em alguma existência prévia, ou mesmo no ventre de sua mãe, e então ser punido por tal pecado nesta vida. Outros ensinavam que os filhos sofriam por causa dos pecados de seus progenitores. Os discípulos consideraram essas possibilidades quando viram o cego que Jesus passou a curar. Ler João 9:1‑41 (§ 100). Jesus preparou um pouco de lodo com barro e saliva e o aplicou aos olhos do cego, a fim de despertar‑lhe a fé, porque popularmente se acreditava que a saliva possuísse poderes curativos, e também a fim de preparar o palco para a lavagem, que se revestia do valor simbólico de purificação. O sentido do vocábulo “Siloé”, ou seja, “enviado”, aponta para Jesus, aquele que Deus Pai enviara para ser nosso Salvador. Uma vez mais, em adição a isso, Jesus quebrava o preceito rabínico de que não podiam ser efetuadas curas em dia de sábado, a menos que a vida do indivíduo curado corresse perigo. Além disso, a preparação do lodo envolvia trabalho manual com os dedos, e, por conseguinte, trabalho. A expulsão referida no versículo trinta e quatro alude à exclusão do ex‑cego como membro da sinagoga. Reagindo a essa ação dos fariseus, Jesus proferiu juizo condenatório contra eles, ao dizer que se de fato fossem cegos, haveriam de perceber sua necessidade, haveriam de arrepender‑se, de crer, e assim seriam purificados de seus pecados. Mas, visto que se declaravam capazes de ver, sentiam‑se auto‑suficientes, e, por isso, permaneciam impenitentes e sem perdão.
O Bom Pastor.
A alegoria do bom pastor, na verdade foi um comentário sobre o cego (uma ovelha), sobre o próprio Jesus (o bom pastor) e sobre os fariseus (ladrões e salteadores). Os pastores deixavam suas ovelhas guardadas à noite em um ambiente cercado (aprisco), e sob a vigilância de um porteiro. Ao amanhecer, os pastores vinham até ao porteiro e chamavam as suas respectivas ovelhas, as quais reconheciam a voz de seu pastor e os seus próprios nomes. Em contraste com isso, os ladrões e salteadores saltavam por cima da cerca do aprisco, e desse modo punham as ovelhas em pânico. Um verdadeiro pastor, por conseguinte, era reconhecido pela sua gentileza e pela reação favorável das ovelhas, tal como na história do cego e Jesus. Porém, ladrões e salteadores eram conhecidos por seu tratamento selvagem dispensado às ovelhas, bem como pela reação desfavorável destas últimas, conforme se vira na altercação entre o ex‑cego e os fariseus. Ler João 10:1‑21 (§ 101). Quando Jesus afirmou ser a porta das ovelhas, modificou levemente a metáfora que usava, em consonância com a necessidade que tinham os próprios pastores de guardarem a entrada do aprisco, com seus próprios corpos, ao dormirem, se porventura não dispusessem de um porteiro. As “outras ovelhas”, referidas no versículo dezesseis, são os gentios, os quais haveriam de participar do único rebanho, a Igreja.
A missão dos Setenta.
A missão dos setenta discípulos provavelmente teve lugar, em sua maior parte, na Peréia (sul da Transjordânia), e não na Judéia, contrariamente aos títulos dos parágrafos da obra de Robertson, Harmony. O número setenta talvez corresponda ao cômputo rabínico das nações gentílicas, que seriam em número de setenta. Tal missão, pois, prefigurava a futura missão mundial da Igreja, entre os povos gentílicos. Tal como na missão dos Doze, pela Galiléia, era de grande importância o senso de urgência. Não havia tempo para os longos rapapés das saudações orientais, e nem para inquisições sobre pureza cerimonial de alimentos, naquela área tipicamente gentílica. Ler Lucas 10:1‑24 (§ 102). A afirmação de Jesus : “Eu via a Satanás caindo do céu como um relâmpago”, provavelmente significa que, no exorcismo praticado pelos discípulos, Jesus via o prenúncio da derrocada de Satanás, o que ocorrerá no final da era presente.
O bom samaritano.
A parábola do bom samaritano explica o mandamento contido no Antigo Testamento: “…amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Levítico 19:18). A pergunta feita pelo escriba: “Quem é o meu próximo?”, tentou arrastar Jesus ao debate rabínico sobre se o termo “próximo” incluía não‑fariseus e os inimigos pessoais. Entretanto, a parábola não respondeu exatamente a essa indagação. Mas, seja como for, fora mal colocada a pergunta “Quem é o meu próximo?” Pois subentendia que o âmago da questão jazia em uma definição legal. A pergunta correta, indaga: “A quem posso ser o próximo?” porquanto se origina de uma atitude que reconhece a qualquer pessoa em necessidade como o próximo, sem querelas sobre definições. Na parábola, ressalta‑se obviamente a figura do samaritano, por causa de seu valor de choque para os ouvintes judeus. Poderíamos ter esperado que fosse ele o homem atacado e ferido. No entanto, ele foi o ajudador, e não o homem em necessidade de socorro. Portanto, o ponto da parábola não é que deveríamos ajudar mesmo que fosse um samaritano, ou qualquer pessoa. O amor genuíno não estabelece tais distinções. Ler Lucas 10:25‑37 (§ 103).
A estrada de Jerusalém a Jericó descia mais de mil metros, em menos de vinte e quatro quilômetros, atravessando gargantas e ravinas infestadas de assaltantes. O sacerdote e o levita temeram contaminar‑se cerimonialmente, tocando naquilo que mais lhes parecia um cadáver. Isso lhes teria custado a compra de cinzas de uma novilha vermelha, para a purificação, a perda de privilégios do templo, como comer dos sacrifícios do templo pelo período de uma semana de contaminação, os arranjos para o sepultamento de um cadáver e a perda de uma roupa perfeitamente boa, que deveria ser rasgada em sinal de lamentação. O sacerdote e o levita viram, na vítima, uma perfeita ameaça de perda é inconveniências pessoais.
O samaritano tinha iguais razões para passar de largo pelo indivíduo ferido, e talvez morto, pois os samaritanos, por semelhante modo, evitavam contaminar‑se devido a contato com algum cadáver ‑ e talvez tivesse ainda maiores motivos para tanto, porque havia grandes possibilidades de a vítima ser um detestável judeu. Porém, não somente o samaritano parou a fim de investigar. Quando descobriu que o homem ferido era judeu, tratou‑lhe as feridas abertas com vinho, a fim de desinfetá‑las, e com azeite de oliveira, a fim de suavizá‑las, rasgou faixas de seu próprio turbante ou de sua veste interna de linho, a fim de enfaixar as lesões, seguiu a pé, enquanto o judeu ia montado no jumento (um caminhar mais lento os exporia mais ainda a outros ataques de bandidos), pagou dinheiro suficiente a um estalajadeiro, para duas semanas de convalescença, e comprometeu‑se a pagar uma conta sem limites, devido a quaisquer despesas adicionais ‑ e tudo sem a esperança de ser reembolsado, porquanto os samaritanos não tinham direitos legais nos tribunais judaicos. Isso, deixou entendido o Senhor Jesus, é amar ao próximo como a nós mesmos. Quando foi solicitado a identificar o indivíduo que agiu como o próximo, o escriba não foi capaz de dizer “O samaritano”, mas utilizou‑se de um circunlóquio: “O que usou de misericórdia para com ele”.
Maria e Marta.
Maria “também” se assentou aos pés de Jesus. Em outras palavras, ela conversava com Jesus, mas O servia, por igual modo; ao passo que a atarefadíssima Marta somente servia a Jesus. Ler Lucas 10:38‑42 (§ 104).
O amigo importuno.
Ler Lucas 11:1‑13 (§ 105). O viajante, desta parábola a respeito da oração, havia jornadeado durante a noite, a fim de evitar o calor da tarde, e por essa razão chegou à meia‑noite, muito tarde, segundo os padrões dos orientais antigos, que se recolhiam cedo. A “lei da hospitalidade” dos povos orientais ensinava que o hospedeiro de um viajante acordasse a um vizinho seu, à meia‑noite, à cata de alimentos. Os três pãezinhos, que ele pediu, eram considerados uma refeição para uma pessoa. A relutância do vizinho foi agravada pelo fato que, na Palestina, as famílias dormiam todos os membros em um só aposento, sobre esteiras, pelo que levantar‑se e destrancar a porta era ato que acordaria a família inteira. A ausência, na resposta dele, de qualquer tratamento polido, como “amigo”, mostra‑nos o quão contrariado estava. Mas, se a persistência triunfou em uma situação como aquela quão mais eficaz será a persistência nas orações dirigidas a um Deus gracioso, que de modo algum se mostra relutante em atender os nossos pedidos!
Visão sadia.
Ler Lucas 11:14‑36 (§ 106). Quanto a comentários, vide as notas sobre os parágrafos 61 e 62 à pág. 156. Dentro da declaração de Jesus: “Se , portanto, todo o teu corpo for luminoso, sem ter qualquer parte em trevas, será todo resplandecente…” a palavra “luminoso” significa “saudável”. Falando de modo figurado, Jesus quis dar a entender que a saudável percepção espiritual ilumina a vida e o ser inteiros do indivíduo.
O farisaismo.
Em Suas observações sobre o farisaísmo, Jesus destacou que os fariseus guardavam escrupulosamente minuciosas regras religiosas, às expensas de princípios importantes. De fato, os rabinos “edificaram uma sebe ao redor da lei”, ou seja, tinham ultrapassado a tudo quanto Moisés havia requerido, somente como margem de segurança. O resultado disso foi um legalismo rígido (o que não deve ser confundido com a obediência elogiável aos mandamentos divinos), que gerava a hipocrisia e o orgulho. Ler Lucas 11:37‑54 (§ 107). A maneira pela qual podemos deixar limpo o lado interior do copo e do prato é doando seu conteúdo aos necessitados (versículo 41). Em outras palavras, a caridade é superior à pureza cerimonial. No versículo 49, a “sabedoria de Deus” é a personificação de um atributo divino, e, assim sendo, do próprio Deus. Quando Jesus disse: “desde o sangue de Abel até ao de Zacarias” (versículo 51), Ele quis dizer: “Desde o primeiro mártir do Antigo Testamento até o último”, porque segundo o arranjo hebreu do Antigo Testamento, os livros de Gênesis, no qual se lê sobre Abel, e II Crônicas, onde se lê a respeito de Zacarias, são, respectivamente, o primeiro e o último. Zacarias fora filho de Jeoiada, sumo‑sacerdote durante o reinado de Joás, de Judá, não devendo ser confundido com o profeta menor pós-exílico do mesmo nome.
A crise messiânica.
Uma vez mais Jesus acautelou Seus ouvintes contra a hipocrisia dos fariseus. Ler Lucas 12:1‑59 (§ 108).Quando foi convocado a dar solução a uma disputa por motivo de herança, Jesus não anuiu ao pedido. Antes, advertiu acerca da cobiça, que provocara a disputa, e exortou os homens a aguardarem Sua Segunda Vinda, ao invés de desgastarem todas as suas energias com preocupações materiais. Quando do juízo final, os “poucos” ou “muitos açoites”, de acordo com os respectivos graus de conhecimento (versículo 47 e 48), apontam para diferentes graus de punição, na eternidade. Jesus referiu‑se à Sua morte próxima como se fora um batismo, e observou o fato que diferentes reações ante o Seu ministério haviam sido causa de divisões no seio das famílias. Talvez Ele tivesse querido indicar que a geração mais idosa e a mais jovem estavam em choque, porquanto os mais jovens se sentiam inclinados a aceitá‑Lo, ao passo que a geração mais velha e conservadora mostrava‑se hesitante. A seção se encerra com uma comparação entre Israel e um devedor que corria o perigo de ser lançado na prisão por causa de dívida, onde não havia como ganhar dinheiro e nem possibilidade de soltura, enquanto a dívida toda não fosse paga. Teria sido muito melhor para Israel se a nação tivesse pleiteado a misericórdia divina, através do arrependimento, e tivesse aceitado a Jesus como o Messias, antes que ficasse tarde demais, e se perdesse toda a esperança para tal nação.
A figueira infrutífera.
Os zelotes da Galiléia eram notoriamente turbulentos. Pilatos ordenara a matança de alguns deles, quando ofereciam holocaustos a Deus. Os judeus tentaram impelir Jesus a fazer um pronunciamento favorável para com os mártires zelotes galileus, a fim de que pudessem acusá‑Lo de partidário zelote, perante as autoridades romanas. Ler Lucas 13:1‑9 (§ 109). Na parábola da figueira estéril, tal árvore é representação simbólica de Israel.(Comparar com Jeremias 24. Oséias 9:10 e Joel 1.7.) Porquanto eram necessários três anos antes que os figos fossem reputados cerimonialmente limpos, e postos que o proprietário, durante mais três anos, tinha procurado figos em vão, aquela árvore já deveria ter seis anos de idade. As figueiras eram prejudiciais às vinhas e outras plantas das circunvizinhanças, porque absorviam uma extraordinária quantidade de nutrientes do solo. O proprietário daquela figueira, pois, concedeu a margem de apenas mais um ano, para que ela produzisse fruto. Por semelhante modo, Israel haveria de ter mais uma oportunidade para produzir fruto agradável a Deus. Essa oportunidade chegou a seu fim no ano de 70 D.C., quando Deus permitiu que os romanos extirpassem a nação judaica.
Cura em dia de sábado.
Em uma outra controvérsia sobre cura realizada em dia de sábado, Jesus argumentou que o sábado era o dia da semana que melhor se prestava para atos de compaixão, por ser um dia de alívio semanal da carga do labor e um prenúncio da libertação final e completa de todos os maus efeitos do pecado. Ler Lucas 13:10-21 (§ 110).
A semente de mostarda e o fermento.
O contraste entre a presente previsão do reino divino e a sua futura forma aperfeiçoada é similar ao contraste existente entre a pequenez de uma semente de mostarda e as dimensões avantajadas do arbusto em que ela se transforma. Por igual modo, se assemelha ao contraste entre uma pitada de fermento e a grande massa de trigo que o fermento, finalmente, permeia. Ver o estudo a respeito, no parágrafo 64, à página 162.
Jesus reivindica sua deidade.
Ler João 10.22‑39 (§ 111). A festa da Dedicação tinha lugar em dezembro, e comemorava a reconsagração do templo de Jerusalém por Judas Macabeus, após ter sido profanado por Antíoco Epifânio. Quando os judeus, por ocasião dessa festa, levantaram objeções porque Jesus se fazia igual a Deus, argumentou o Senhor dizendo que visto os governantes judeus serem chamados “deuses”, em sentido representativo, em Salmos 82:6, então dificilmente as pessoas presentes tinham razão para estranhar Suas reivindicações de ser o Filho de Deus, porquanto era Ele o Messias. Além disso, Seus milagres autenticavam as Suas reivindicações. Em Sua afirmativa de que fora “santificado” pelo Pai (versículo 36), não há qualquer idéia implícita de que o Pai O purificara de pecado. Antes, o Pai O consagrara para a Sua missão remidora.
O número dos salvos.
Em réplica a alguém, que indagara se seriam salvos muitos ou poucos, Jesus recomendou ao povo que não se preocupassem com tais especulações, mas que se assegurassem de que eles mesmos estavam numerados entre os salvos, sem importar se seriam muitos ou poucos os salvos. Tal exortação foi especialmente pertinente para os judeus, os quais tendiam a imaginar que o fato de serem judeus automaticamente os capacitava para o reino de Deus. Contrariamente a esse sentimento de superioridade, Jesus predisse uma generalizada salvação entre os povos gentílicos. Os “últimos” que serão “primeiros” são os gentios. Os “primeiros” que serão “últimos” são os judeus que tiverem desprezado a sua grande oportunidade. Ler João 10:40‑42; Lucas 13:22‑35 (§§ 112 e 113)
“A raposa” Herodes Antipas.
O Herodes que figura no versículo trinta e um, no evangelho de Lucas é chamado Herodes Antipas. Os adversários de Jesus procuravam assustá‑Lo, para que saísse do território de Herodes e se retirasse para Judéia, onde poderiam apanhá‑Lo, na ausência de multidões a Ele simpáticas. Em tom escarnecedor, Jesus referiu‑se a Herodes como se ele fora uma raposa fêmea, que não devia ser temida, em contraste, digamos, com um leão. É possível que a forma feminina de “raposa” no grego, tivesse querido dar a entender que Herodes era dominado por sua esposa ilegítima, Herodias, que exigira a cabeça de João Batista, Jesus prosseguiu, indicando que ainda Lhe restava um prazo indefinido de tempo, embora curto, durante o qual haveria de dirigir‑se deliberadamente a Jerusalém. Com amarga ironia, Jesus declarou que Herodes não poderia furtar a Jerusalém o privilégio de tirar‑lhe a vida. Jerusalém era o local apropriado do martírio de profetas! Deus deixara vazio o Seu templo (“casa”), em Jerusalém, razão pela qual seria destruído. Assim sucedeu, em 70 D.C.
O banquete messiânico.
Ler Lucas 14:1‑24 (§ 114). A alusão a banquetes, na exortação de Jesus em prol da humanidade e da caridade, impulsionou a alguém, que pensava sobre o grande e futuro banquete messiânico, a exclamar: “Bem‑aventurado aquele que comer pão no reino de Deus”, como se aquele fosse um privilégio reservado a fariseus extremamente religiosos. Na parábola que se seguiu, e que versa sobre os primeiros convidados, que apresentaram desculpas pelo seu não comparecimento ao banquete, são visados os fariseus hipócritas e outros que se lhes assemelham. Mas os pobres, aleijados, cegos e coxos representam os publicanos e os pecadores dentre os judeus, aos quais Deus estava fazendo entrar em Seu reino. E aqueles trazidos das encruzilhadas e valados, representam os gentios.
Discipulado.
Ler Lucas 14:25‑35 (§ 115). Jesus advertiu às multidões que, para segui‑Lo, teriam de renunciar a todas as demais prioridades. O amor aos nossos familiares, comparativamente, tem de assemelhar‑se ao ódio, diante da nossa devoção a Cristo. Uma vez mais o sal representa as qualidades preservativas ou fertilizantes, e, por conseguinte, transmissoras de vida, que os discípulos de Cristo deveriam manifestar neste mundo.
“Os pecadores.”
O capítulo quinze do evangelho de Lucas contém três parábolas que defendem a maneira cordial como Jesus acolhia a pessoas irreligiosas, como representante que era de Deus. Todas as três exibem a alegria divina por causa de pecadores que se arrependem. O vocábulo “pecadores”, na linguagem dos judeus, incluía os gentios (mui naturalmente) e também os judeus que se mostrassem negligentes na observância da lei mosaica e das interpretações rabínicas sobre aquela legislação. Tais pessoas incluíam os adúlteros, os trapaceiros e aqueles cujas ocupações tornavam-nos notórios por sua desonestidade, como os publicanos e os mascates, ou causavam a impureza ritual, como os curtidores, os quais, continuamente, tinham de tocar em animais mortos. Ler Lucas 15:1‑32 (§ 116).
A ovelha perdida.
Na parábola da ovelha perdida, os “noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” não existem, na verdade. Jesus falava com sarcástica ironia a respeito daqueles que são justos a seus próprios olhos, e que pensam não terem necessidade de arrependimento.(Alternativamente, tais pessoas já seriam justas, através da graça divina.)
A moeda perdida.
A moeda perdida pertencia ao turbante enfeitado de moedas, do tipo freqüentemente usado pelas esposas palestinas, como parte do dote que lhes era dado quando de seu matrimônio. Nesta parábola, a mulher acendeu uma candeia, não porque fosse noite, mas porque a moradia palestina típica não tinha janelas e contava apenas com uma entrada baixa, que permitia a entrada de bem pouca luz. Aparentemente, a moeda caíra no nível inferior da casa de um único aposento. Ali jazia ela oculta em algum lugar, por baixo da palha espalhada sobre o chão do nível inferior, por causa dos animais domésticos. A dona de casa varreu com uma vassoura, provavelmente um pequeno ramo de palmeira, não para descobrir a moeda, mas para fazê‑la tinir sobre o chão duro de terra batida, e assim ela pudesse determinar o seu paradeiro. A satisfação dela, ao ser descoberta a moeda, representa o “júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende”. Jesus não se referia ao júbilo dos próprios anjos, mas à alegria do próprio Deus, na presença dos anjos. Há um ditado rabínico que forma violento contraste com essa idéia: “Há alegria na presença de Deus quando aqueles que o provocam perecem do mundo.” (Siphre Números 18:8, § 117 (37a), citado por A. Edersheim, The Life and Times of Jesus the Messiah, Nova Iorque: Longmans, Green & Co., 1899, vol. II, pág. 56; e H. L. Strack‑P. Billerbeck, Kommentar zum Neuen Testament aus Talmud und Midrasch, Munique C. H. Beck, 1924, vol. II, pág. 209.)
O filho pródigo.
Na parábola do filho pródigo, este solicitou o recebimento da partilha que lhe tocava da herança paterna, a saber, uma terça parte, porquanto havia apenas dois filhos, e o filho mais velho sempre recebia dupla porção, e ele mesmo era o filho mais novo. A distribuição da herança, antes mesmo do falecimento do pai da família, não era providência desconhecida, embora, ordinariamente, isso envolvesse tão‑somente o direito de entrar na posse da propriedade, mas não o direito de vendê‑la. Pois se todas as propriedades da família fossem vendidas, os idosos progenitores ficariam sem ter um lugar onde pudessem viver nos seus anos de declínio físico. Neste caso, entretanto, o filho mais novo deve ter reduzido prontamente a propriedade recebida a moedas, porquanto “ajuntando tudo o que era seu”, partiu para uma terra longínqua, A maneira como ele dilapidou a sua fortuna retrata bem a futilidade e a ruína final da vida pecaminosa. Para um judeu, ocupar‑se no cuidado de porcos era haver‑se degradado de maneira indizível, pois para os judeus os porcos eram animais imundos e repulsivos, tanto em sentido cerimonial quanto em sentido literal.
O arrependimento originou‑se no senso de miséria e necessidade em que se achava o filho pródigo, e levou‑o a resolver retornar ao lar, com uma confissão nos lábios: “Pai [um tratamento respeitoso], pequei contra o céu [substituição reverente, feita pelos judeus, em lugar do título sacrossanto, Deus] e diante de ti [admissão de culpa, primeiramente em relação a Deus, e então em relação a seu pai]”, e com o apelo de ser restaurado ao menos como um empregado pago. Desistindo de quaisquer direitos sobre seu pai, ele apenas solicitaria misericórdia.
Entretanto, ele havia subestimado o amor que lhe votava o seu pai, tal como todos nós subestimamos o amor de Deus. Quando o pai viu que seu filho regressava, correu ao seu encontro. Correr era maneira incomum e sem dignidade de locomover‑se, no caso de qualquer idoso homem oriental, mas o amor e a alegria daquele pai ultrapassaram todo o seu senso de decoro, como que a dizer que Deus também se olvida de Sua dignidade, em explosão de alegria, quando um pecador se volta para Ele, em arrependimento. O ósculo paterno simbolizou o perdão. O filho mais novo começou a gaguejar sua confissão adredemente preparada, mas antes de ele haver chegado à parte em que solicitava ser aceito ao menos como um empregado pago, o pai o interrompeu, emitindo a ordem que o vestissem com o melhor traje, em sinal de honraria, que pusessem em seu dedo um anel de selar documentos legais, em sinal de uma autoridade filial restaurada, e que lhe metessem sandálias nos pés (um luxo usado somente por homens livres), em símbolo do fato que não era mais um assalariado, além de matarem um novilho cevado para um banquete de celebração. Visto que a carne verde não formava parte integrante da dieta diária, seu uso, nesta oportunidade, denota festividade.
O irmão mais velho.
A parábola do filho pródigo poderia ter terminado com o quadro de pecadores penitentes e restaurados á família de Deus, por meio do ministério de Jesus. Mas essa parábola é de gume duplo. O filho mais velho, que criticou a restauração do filho pródigo que regressara à casa paterna, representa os escribas e fariseus, que criticavam o fato que Jesus acolhia aos publicanos e pecadores. As palavras do filho mais velho a seu pai (versículos 29 e 30), são reveladoras. Rudemente, ele omitiu o tratamento respeitoso, “Pai”. Evitou chamar o filho pródigo de seu irmão, mas referiu-se a ele por “esse teu filho”. Queixou‑se de que seu pai jamais lhe presenteara ao menos com um cabrito, quanto menos com um novilho cevado para alegrar‑se com seus amigos. (Poderíamos perguntar quantos amigos teria um homem de tal gênio.) É óbvio que, tal e qual os fariseus, o irmão mais velho seguia um senso de dever sem o senso equilibrador da liberdade, servia a seu pai sem ter com ele comunhão, e se jactava de seus próprios merecimentos. Não admira que se tivesse ressentido ante a graça demonstrada pelo pai para com o filho pródigo.
Por semelhante modo, os escribas e fariseus queriam que Deus fizesse discriminação entre os merecedores (eles mesmos) e os desmerecedores (os publicanos e pecadores). Nada de festas para os filhos pródigos! Para eles cabia melhor a disciplina. Na verdade, existe uma parábola rabínica na qual um filho é redimido da servidão, mas é trazido de volta a casa somente como um escravo, e não como filho, a fim de que isso o forçasse à obediência. (Citado por Edersheim, Life and Times, vol. II, pág. 262; citado em Barrett, The New Testament Background, pág. 152, de Siphre Números, Shelah, § 115, 35a.)
A resposta do pai ao filho mais velho graciosamente começa com um tratamento afetuoso, “Meu filho”, relembrando‑lhe que toda a propriedade da família lhe pertencia desde agora por direito, e explicando‑lhe ser apropriado aquele banquete, porquanto “esse teu irmão” (e não “esse meu filho”) estava praticamente morto e perdido, mas agora revivera e fora achado novamente. Qual foi a réplica do irmão mais velho diante dessas considerações? Não o sabemos. Jesus deixou a parábola com o final em suspenso, porque os escribas os fariseus e todos os outros que confiam nos seus próprios méritos terminam a parábola segundo renunciarem à sua justiça‑própria e se juntarem à festa messiânica da salvação ou se alijarem da mesma, por preferirem reter sua justiça‑própria.
O irmão mais velho, finalmente, demonstra que um indivíduo qualquer não precisa sentir‑se perdido para estar perdido. Uma pessoa pode alienar‑se de Deus, na própria casa de Deus. No entanto, todos são convidados ‑ tanto os pecadores flagrantes quanto os decentes irmãos mais velhos ‑ e conforme as mesmas condições, a saber, a graça perdoadora de Deus.
O administrador infiel.
Ler Lucas 16:1 ‑ 17:10 (§ 117). Na parábola do gerente injusto, o gerente (administrador de uma mansão senhorial), antes de tudo, deu um exemplo negativo, de infidelidade, dilapidando os bens de seu patrão, e de punição resultante, perdendo seu emprego (comparar os versículos 1 e 2 com 10‑13). Ninguém pode servir, ao mesmo tempo, o seu patrão e o dinheiro. O administrador tentou isso, e perdeu sua posição. Os homens mostrar‑se‑ão infiéis, à semelhança do administrador, a menos que trabalhem visando os galardões eternos, como algo mais desejável do que as riquezas terrenas. Não deveríamos desprezar o dinheiro, mas deveria este ser usado de modo tal que ganhemos as riquezas espirituais, que são permanentes. Sirvamos a Deus, por conseguinte, e subordinemos a esse propósito o dinheiro.
Na porção final da parábola, o gerente tornou‑se um exemplo positivo, ao demonstrar uma previsão ditada pela prudência. Ele fez os devedores a seu patrão riscarem suas antigas dívidas e registrarem outras contas, menores, com a própria caligrafia deles. Dessa maneira, o administrador embalava a esperança de que se a astúcia fosse descoberta, a ausência de sua caligrafia o isentaria de culpa. Uma dívida de cem cados de azeite foi reduzida a cinqüenta; e uma dívida de cem coros de trigo foi diminuída para oitenta. A desonestidade envolvida no ludibrio pespegado ao patrão é irrelevante nesta oportunidade. Alhures, Jesus comparou Deus com um juiz injusto, e Sua própria volta ao arrombamento de uma casa por parte de um assaltante. E assim, a desonestidade do gerente não destrói o ponto positivo que há na comparação aqui feita. Especificamente, o administrador usou o dinheiro para ajudar a outras pessoas, adquirindo assim amigos que o valessem em algum possível período futuro de desemprego. Por igual modo, os discípulos de Jesus devem usar dinheiro em empreendimentos caridosos, porque tal atitude lhes será vantajosa no futuro eterno.
Lázaro e o rico.
Os fariseus, amantes do dinheiro que eram, se assemelhavam ao rico que figura na parábola seguinte, porque ele, devido a egoísmo e miopia espiritual, desprezava a Lázaro, um mendigo desamparado, que se assentava diante de seu portão, necessitado de caridade. O rico, por conseguinte, demonstrava a atitude oposta daquela atitude de prudente administrador da parábola prévia. “Lázaro” vem do vocábulo grego que quer dizer “Eleazar”, em hebraico, o qual termo, por sua vez, significa “Deus é (sua) ajuda”. Ninguém mais ajudava a Lázaro. As migalhas que caíam da mesa do rico, e que Lázaro gostaria de poder comer, eram pedacinhos de pão, usados como guardanapos para limpar as mãos, e então jogados debaixo da mesa. A expressão “seio de Abraão”, subentende uma cena de banquete celestial, onde Lázaro figura como recém‑chegado, como um conviva reclinado em um divã bem defronte de Abraão. A cena festiva faz com que a solicitação do rico pareça apropriada, isto é, que Lázaro molhasse o dedo na água e lhe refrescasse a língua. O tratamento empregado pelo rico, “Pai Abraão”, apela para sua ascendência judaica, sua derivação de Abraão. Mas a resposta dada por Abraão, “filho”, dá a entender que embora o rico, por ser judeu, desfrutasse de muitas vantagens, por si mesma, a ascendência hebraica não garantia a felicidade celeste.
A referência feita por Jesus, em Lucas 17:6, ao desarraigamento do sicômoro, mediante a fé, se originou do fato que as raízes de tal árvore eram consideradas como extraordinariamente profundas e fortes.
Ressurreição de Lázaro.
Quando Jesus ia a caminho de volta à Judéia, a fim de ressuscitar a Seu amigo Lázaro (Este Lázaro deve ser distinguido do “Lázaro” da parábola imediatamente anterior.), os discípulos levantaram a objeção de que os judeus haveriam de detê‑Lo. Entretanto, Jesus indicou que Deus já havia fixado a hora do pôr‑do‑sol de Sua morte. Enquanto ainda fosse dia, isto é, antes de chegar o momento divinamente determinado para Ele morrer, não Lhe seria necessário temer os conluios dos judeus. Ler João 11:1‑44 (§ 118).
Nos versículos 25, 26, a garantia dada por Jesus a Marta, quando da profunda tristeza desta ante a morte de seu irmão, Lázaro, de que quem quer que esteja vivo e Nele creia jamais morrerá, pode revestir‑se de um duplo significado: (1) os crentes nunca experimentarão a morte espiritual, que consiste da eterna separação entre o indivíduo e Deus; e (2) os crentes que estiverem vivos, quando da volta de Cristo, não terão de morrer nem mesmo fisicamente, porquanto serão arrebatados nos ares, ao encontro do Senhor, que estará descendo dos céus (comparar com I Tessalonicenses 4:16‑18).
Os judeus pensavam que Lázaro estivesse irremediavelmente morto, porquanto, segundo concebiam, o espírito de uma pessoa morta deixava‑se pairar por três dias sobre o cadáver, e então partia definitivamente. Ora, Lázaro já estava morto há quatro dias. Nas lágrimas chorosas de Jesus, ante a morte de seu amigo, embora estivesse Ele prestes a chamá‑lo de volta de entre os mortos, e no fato que chamou a Lázaro da morte, os sentimentos humanos e o poder divino de Jesus se manifestaram de modo misteriosamente paralelos. Mas Jesus não somente chorou. Também ferveu de indignação ante os mortais efeitos do pecado (versículo 33, segundo o sentido mais literal do texto grego). Mas, ato contínuo, Ele reverteu esses efeitos.
Conluio do Sinédrio.
Os membros do Sinédrio temiam que, ao reavivar a popularidade de Jesus, esse último milagre de Jesus haveria de provocar uma revolta messiânica, o que levaria os romanos a revidarem com grande violência. Mais tarde, os romanos esmagaram, realmente, uma revolução judaica; ironicamente, porém, uma revolta gerada pela rejeição e não pela aceitação de Jesus como o Messias. O sumo sacerdote Caifás desfez a hesitação de alguns membros do Sinédrio, ao recomendar a pena de morte para Jesus, a fim de que a morte de um único homem viesse a poupar a nação inteira de ser destruída às mãos de Roma. Suas palavras se revestiam de sentido mais profundo do que ele mesmo compreendia; pois, inconscientemente, estava profetizando a morte de Jesus a fim de dar salvação do pecado ‑ e não apenas no caso da nação judaica, mas também em favor de todos os que pertencem ao povo de Deus, tanto judeus quanto gentios, formando uma só Igreja. Ler João 11:45‑54 (§ 119).
A presença do reino.
Ler Lucas 17:11‑37 (3 120). Jesus negou que o reino de Deus haveria de sobrevir quando os judeus estivessem observando perfeitamente a lei, o que era uma crença judaica comum, ou que o mesmo viria em meio a exibições espetaculares de uma glória facilmente observável (versículo 20). Pelo contrário, o reino de Deus já se achava presente entre os homens, por intermédio da pessoa e do ministério de Jesus (ou dentro deles, pelo menos potencialmente). Ver posteriores comentários sobre o parágrafo 139, págs. 205s.
A viúva e o juiz.
Ler Lucas 18:1‑14 (§ 121). Dentro da sociedade judaica, a tenra idade núbil das meninas, de treze ou catorze anos de idade, contribuía para que houvesse um grande número de viúvas. Visto que a “viúva importuna” expunha o seu caso perante um juiz, ao invés de fazê‑lo perante um tribunal, isso significa que tal caso sem dúvida envolvia uma questão de dinheiro como uma dívida não saldada ou como parte de uma herança que não lhe fora entregue. O juiz “não temia a Deus” ‑ era indivíduo corrupto; e também não “respeitava homem algum” ‑ não passava de um misantropo. O rico e influente oponente da viúva conseguira subornar a tal juiz, mas ela era pobre demais para também comprar ao juiz. Sua única arma era a fé tenaz de que lhe seria feita justiça. Finalmente, exasperado diante da persistência da mulher, o juiz resolveu dar ouvidos a seu caso. Ora, se um juiz corrupto e sem entranhas é capaz de baixar decisão em favor de uma viúva oprimida, porquanto ela não desiste de solicitar uma decisão favorável e justa, quanto mais Deus, que é tanto justo quanto gracioso, não vindicará subitamente (sentido do termo “depressa”, que aparece em nossa versão portuguesa, no versículo 8, pois a parábola inteira dá a entender alguma demora) ao Seu povo, quando do retorno de Cristo?
O fariseu e o publicano.
Na bem conhecida parábola do fariseu e do publicano, a oração feita pelo fariseu pode ser confrontada pelo paralelo contido no seguinte excerto extraído do Livro de Orações dos judeus: “Bendito és tu, ó Senhor, nosso Deus, Rei do Universo, que não me fizeste um gentio… que não me fizeste um escravo.. que não me fizeste uma mulher.” O publicano, por sua vez, conservava‑se nalgum canto obscuro, onde ninguém podia observá‑lo. Porém, o esteriotipar moderno das figuras do fariseu e o publicano tem retirado dessa parábola uma boa fatia de seu impacto. Os fariseus serviam seriamente a Deus, jejuando duas vezes por semana (segundas e quintas‑feiras), dando o dízimo de todas as suas possessões, e guardando os mandamentos morais, éticos e cerimoniais da lei. O povo comum muito os admirava. Os publicanos, por sua vez, colaboravam com os odiosos opressores romanos, espoliavam seus compatriotas judeus, e praticavam toda sorte de fraude; e o povo comum os detestava. Os ouvintes de Jesus devem ter‑se sentido chocados quando Ele situou o fariseu sob luz tão desfavorável, e o publicano sob um colorido tão bom. Mas, o próprio elemento de uma inesperada reversão de papéis aparentemente bons e maus acompanha bem de perto a natureza do perdão divino, como uma dádiva desmerecida da parte de Deus, exclusivamente alicerçada sobre a fé penitente.
Divórcio.
Os rabinos judeus eram acordes em que a legislação mosaica permitia o divórcio, juntamente com o direito de contrair novas núpcias (vide Deuteronômio 24:1). No entanto, desprezavam aquilo que constituiria fundamento válido para o divórcio. De conformidade com os seguidores do famoso rabino Hilel, quase qualquer coisa desagradável para o marido tornava o divórcio permissível. Em contraste com isso, os adeptos de Shammai reputavam a imoralidade, por parte da mulher, como único motivo válido para o divórcio. Os fariseus nesta oportunidade, tentaram envolver a Jesus no debate rabínico. Ler Marcos 10:1‑12 e Mateus 19:1‑12 (§ 122).
Evitando as provisões mosaicas quanto ao divórcio, Jesus retrocedeu até ao princípio mesmo, à criação de Adão e Eva. E declarou que o ideal ensinado por Deus é que nem exista o divórcio. Na narrativa de Mateus, os judeus, em face disso, passaram a indagar por qual motivo, então, Moisés determinara o divórcio, se isso era algo contrário à vontade de Deus. Jesus retrucou que Moisés não legislou sobre o divórcio tanto como um mandamento. e, sim, como uma permissão, devido à maldade do coração humano (“dureza do vosso coração”). Em outras palavras, a legislação mosaica estava necessariamente condicionada à corrupção reinante na sociedade humana, e, por tal razão, ela não expunha o ideal divino quanto a essa particularidade. Em seguida, Jesus (ainda segundo a versão de Mateus) asseverou qual a única base válida para o divórcio ‑ a fornicação.
Muitos críticos têm argumentado que em vista de Marcos não haver incluído as palavras “não sendo por causa de relações sexuais ilícitas”, então é que Jesus, na realidade, não proferiu tais palavras, mas que Mateus inseriu tal frase a fim de suavizar uma proibição absoluta quanto ao divórcio, baixada por Jesus. Por outro lado, se aceitarmos o relato de Mateus acerca das palavras de Jesus, poderíamos entender o vocábulo “fornicação” revestido em um dentre diversos sentidos possíveis: (1) imoralidade em geral, quer pré‑marital quer pós‑marital (o termo grego por detrás de “fornicação” ocorre regularmente nesse sentido geral, em toda a literatura grega); (2) falta de castidade pré‑marital (no qual caso Jesus permitiria o divórcio somente durante o período do noivado, porquanto o noivado era reputado tão obrigatório na sociedade judaica que somente o divórcio era capaz de rompê‑lo); (3) o incesto, isto é, casar‑se com um parente mais próximo do que aquilo permitido pela legislação mosaica (no qual caso Jesus teria ensinado que o divórcio só é legítimo no caso de matrimônios incestuosos, os quais nem ao menos deveriam ter sido realizados, antes de mais nada).
Matrimônio.
Os discípulos reagiram, dizendo que se o casamento é tão obrigatório conforme era indicado pela instrução de Jesus, então seria melhor nem se casar, a fim de evitar que alguém se unisse a um cônjuge errado e ficasse impossibilitado de divorciar‑se dele mais tarde. Mas Jesus replicou, esclarecendo que apenas uma minoria deveria refrear‑se do casamento, aqueles fisicamente incapazes por defeito de nascimento ou por castração, ou aqueles que voluntariamente se refreassem, a fim de se poderem devotar mais completamente à pregação do evangelho.
Após a questão do matrimônio, muito naturalmente veio à baila a questão dos filhos. Uma vez mais, a humilde posição das criancinhas na sociedade, ilustra a humildade necessária para alguém entrar no reino de Deus. Ler Marcos 10:13‑16: Mateus 19:13‑15 e Lucas 18:15‑17 (§ 123).
O jovem rico.
Certo jovem rico aparentemente imaginava poder obter a vida eterna mediante um único ato heróico. Quando Jesus protestou que ninguém é bom, exceto Deus, não queria evitar as implicações do adjetivo “bom” em relação a Si mesmo; antes, procurava fazer aquele homem ver que, se Jesus era realmente bom, então Ele também teria de ser divino. Em seguida, Jesus citou diversos dentre os dez mandamentos, aos ouvidos do jovem, mas fez alto antes de chegar ao que diz: “Não cobiçarás”. O jovem declarou que vinha guardando os mandamentos mencionados por Jesus. Entretanto, sua consciência pesada apontava para o não‑mencionado décimo mandamento; ele sabia que era homem cobiçoso. Por essa exata razão foi que Jesus recomendou que ele desistisse de seus bens e se tornasse discípulo Seu. Porém, o amor crônico do jovem pelo dinheiro foi mais forte que seu desejo pela vida eterna.
Quando Jesus mencionou quão difícil é a entrada dos ricos no reino de Deus, os discípulos ficaram chocados. Os judeus equiparavam as riquezas materiais com o favor divino. Jesus, entretanto, prosseguiu dizendo que o que é humanamente impossível, a salvação dos ricos, é possível, entretanto, para Deus. E quando Pedro relembrou a Jesus o de quanto os discípulos haviam desistido, a fim de segui‑Lo, Jesus assegurou‑lhes certa recompensa, quando da “regeneração”, isto é, quando Ele viesse restaurar a nação de Israel às bênçãos divinas. Ler Marcos 10:17‑31, Mateus 19:16 ‑ 20:16 e Lucas 18:18‑30 (§ 124).
Os trabalhadores da vinha.
Na parábola que encerra o trecho mateano, o proprietário da vinha (“dono de casa”) contratou trabalhadores no mercado da aldeia, ao nascer‑do‑sol (“de madrugada”), para que trabalhassem ganhando o salário normal de cerca de quarenta cruzeiros por dia. Nesse ínterim, trabalhadores desempregados desperdiçavam o tempo, no mercado, esperando pelo surgimento de uma tarefa. O proprietário, garantindo um salário justo, foi contratar mais trabalhadores às nove da manhã, ao meio‑dia, às três horas da tarde e às cinco horas da tarde (respectivamente, a terceira, a sexta, a nona e a décima primeira hora, a contar da alvorada). Deve ter sido por motivo de mais pura piedade que ele contratou alguns trabalhadores as cinco horas da tarde para que labutassem apenas por uma hora e ganhassem o correspondente a isso. Visto que todo dia era dia de pagamento, o proprietário instruiu a seu administrador que pagasse aos assalariados o seu dinheiro ‑ mas a cada homem o salário completo de um dia, e na ordem reversa, em que os últimos fossem pagos em primeiro lugar. Ordinariamente, os que tivessem trabalhado um dia inteiro, teriam sido pagos em primeiro lugar, e ter‑se‑iam ido embora antes de notar que os atrasados estavam recebendo igual quantia. Jesus, entretanto, introduziu o irreal traço desse modo de pagamento, a fim de ressaltar o ponto visado pela parábola, na discussão que houve dentro dela. E esse ponto é o seguinte: tal como o empregador não estava sendo injusto com aqueles que tinham trabalhado o dia todo (receberam todo o salário que fora contratado), mas tão‑somente se estava mostrando generoso para com os atrasados, de modo que pudessem receber um salário suportável (menos do que isso, e não poderiam ter o necessário para a sua subsistência), assim também Deus concede a Sua graça, àqueles que nada merecem, devido à mais pura generosidade. Por conseguinte, em respostas à observação de Pedro: “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos: que será, pois, de nós?”, Jesus assegurou a Seus seguidores que eles receberiam até à saciedade; mas logo em seguida contou a parábola, como uma advertência que demonstrava que a vida eterna continua sendo uma dádiva, embora para alguns possa parecer um salário. E ainda que, conforme um outro ponto de vista, os galardões diferirão de acordo com os graus de serviço prestado, a própria salvação nada tem a ver com a quantidade de serviço feito. Portanto, não convém que murmuremos, à maneira dos fariseus, ante a graciosidade de Deus para com outros. Todos nós somos pessoas chegadas atrasadas e sem qualquer merecimento. Pessoas chegadas desde cedo e merecedoras do salário existem somente na parábola, mas não na vida real, diante de Deus.
Não há privilégios especiais.
Ler Marcos 10:32‑45; Mateus 20:17‑28 e Lucas 18:31‑34 (§ 125). Os discípulos ficaram admirados ante a determinação que Jesus demonstrava para ir a Jerusalém, apesar de haver predito antes que ali ocorreria a Sua morte. Quando Tiago e João, juntamente com a sua progenitora, solicitaram posições vantajosas no reino, os outros discípulos “indignaram‑se contra os dois irmãos”, porquanto entretinham ambições similares. Mas Jesus retrucou que, tal como Ele mesmo, os discípulos estavam destinados ao sofrimento e ao martírio, o que é simbolizado por “o cálice de sofrimentos” e por “o batismo da morte”, antes que chegassem à glória.
O cego Bartimeu.
Usualmente, as multidões demonstravam o desejo de ver Jesus realizar algum milagre; porém, no episódio do cego Bartimeu, em Jericó, todos se sentiam ansiosos para que Jesus logo chegasse a Jerusalém, a fim de inaugurar o reino de Deus, de acordo com o conceito político que dele tinham. Parecia indiscutível que a Sua determinação por subir a Jerusalém, apesar de toda a oposição das autoridades, significava que Ele estava prestes a declarar guerra, esmagar os Seus inimigos e estabelecer o reino visível. Ler Marcos 10:46‑52; Mateus 20:29‑34 e Lucas 18:35‑43 (§ 126). Tal como na história dos endemoninhados gerasenos, Marcos e Lucas mencionam apenas o porta‑voz, Bartimeu, dentro do par mencionado por Mateus. A sugestão de que a cura ocorreu no caminho que saía da velha Jericó e entrava na nova Jericó, esta última edificada por Herodes o Grande, soluciona a aparente discrepância entre Marcos e Mateus (“Saindo eles de Jericó”) e Lucas (“ao aproximar‑se ele de Jericó”).
Zaqueu o publicano.
Ler Lucas 19:1‑28 (§ 127). A promessa de Zaqueu, de que devolveria o quádruplo de que porventura defraudara a alguém, em muito excedia ao que fora estipulado pela lei de Moisés, em casos dessa natureza. A prática seguida por governantes locais de viajarem a Roma, a fim de obter apoio imperial para suas reivindicações de liderança local, forma o pano‑de‑fundo da parábola das minas (cada mina eqüivalia a cerca de trezentos e cinqüenta cruzeiros). A viagem do nobre a um país distante, o tempo que ele passou ali, seu regresso e o fato que ele chamou seus servos para a prestação de contas, representam o retorno de Jesus aos céus, a presente dispensação da Igreja, a Segunda Vinda de Cristo e a aquilatação de nossas obras. Essa parábola ensina‑nos que, em contrário às expectações daquela multidão que acompanhava a Jesus, o reino de Deus não haveria de aparecer imediatamente, no tocante à sua forma política exterior. Pelo contrário, haveria um intervalo durante o qual Jesus estaria ausente. Entrementes, aos discípulos cabia trabalhar com fidelidade. E quando Jesus retornar a este mundo, não haverá um triunfo da nação judaica onde qualquer judeu esteja, como algo fatal e automático. Antes, Jesus recompensará ou castigará individualmente às pessoas. Talvez sintamos dó do servo que recebeu tão dura reprimenda, o qual, ao invés de investir o dinheiro que lhe fora confiado, enterrou‑o cuidadosamente. Entretanto, o ponto da parábola é que não existe aquilo a que poderíamos intitular de discipulado “seguro”, sem perigos. Pois seguir verdadeiramente a Jesus envolve o risco de investirmos a própria vida, em oposição à segurança desfrutada por quem preserva sua vida.
Para discussão posterior:
‑ Relacione o ensino de Jesus sobre o dever de amar ao próximo com as atividades cristãs apropriadas para com os modernos problemas sociais.
‑ Até que ponto a Igreja deveria participar de questões sociais debatíveis, ou mesmo bem delineadas?
‑ De que maneira a doutrina de Jesus sobre o uso correto do dinheiro se aplica a uma sociedade abastada e à guerra ideológica entre o capitalismo e o comunismo?
‑ Aplique os estreitos princípios de Jesus acerca do divórcio aos problemas maritais e de divórcio, nesta nossa época?
‑ Em que sentidos o estilo de relacionamentos entre as pessoas, ensinado por Jesus, serve de exemplo digno de emulação?
‑ Por quais razões os fariseus e o Sinédrio teriam feito oposição tão ferrenha a Jesus? E por quais razões Jesus teria sido antagônico a eles?