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Luciano Cunha
Especial para o BSM
No dia 17 de março deste ano, a Marvel Comics lançou uma nova equipe de super-heróis que parece ter sido criada para definir um momento basilar da cultura pop atual, que tem nas histórias em quadrinhos americanas boa parte de sua gênese. Para desespero de fãs como este que vos escreve, o momento sugere, infelizmente, a morte do gênero.
Isso não aconteceu de repente e nem por acaso. Vamos descobrir o porquê. Na data citada, a Marvel trouxe ao mundo a equipe The New Warriors (Os Novos Guerreiros), um time de personagens cujos membros incluem Trailblazer, uma adolescente obesa com uma mochila mágica; Screentime, um super-herói cujo poder vem do “gás experimental da Internet” (como seria um gás da internet?); há também o B-Negative, um vampiro gay gótico. Finalmente, temos Safespace e Snowflake, dois gêmeos não-binários de gênero que seguirão uma linguagem não-binária ou neutra. Vou explicar, seguindo pesquisas na web, o que seria uma linguagem não-binária ou neutra: um conjunto de formas linguísticas para se comunicar de maneira a não demarcar gênero para pessoas. Essa forma de linguagem é extremamente importante para pessoas trans não-binárias. A linguagem não foi criada por uma pessoa só, mas por conjuntos de pessoas trans ao longo do tempo. Esta linguagem está sempre em transformação. Entendeu?
“Que diabos é isso?”, você se pergunta…
Isso é o estágio final de uma compra corporativa bilionária, projetada por aqueles comprometidos em moldar uma nova linguagem e uma nova sociedade partindo de sua visão de mundo. A chegada desses Novos Guerreiros, porém, não é a coisa mais desrespeitosa que a Marvel produziu nos últimos anos.
A Marvel vem se esforçando há quase uma década a destruir a história e o legado de quase todos os personagens populares sob uma bandeira de “justiça social”. Eu poderia citar aqui dezenas de exemplos, mas vamos aos mais fáceis: essa é a visão que transformou, recentemente, o Capitão América, um símbolo máximo americano, em nazista e o forçou, num quadrinho, a denunciar seu país por causa de Donald J. Trump.
É essa visão que transformou personagens como o Homem de Gelo em homossexual em nome da “representação” e que, também há pouco tempo, fez o mesmo a personagens como Wolverine e Cyclops, que ganharam uma história que sugere haver um caso amoroso entre eles.
A Marvel transformou Carol Danvers na super-heroína feminista ideal e deu sua antiga alcunha, Ms. Marvel, a uma adolescente muçulmana chamada Kamala Khan (note a tentativa simplória de reverenciar Stan Lee ao dobrar as iniciais do nome, recurso que o autor adorava utilizar). O jornal inglês The Guardian, conhecido por suas posições progressistas, escreveu exultante em letras garrafais: “Saudemos a nova Ms. Marvel, uma jovem super-heroína muçulmana com a cara do nosso tempo!”
Esses casos nem sequer arranham a superfície de personagens que tiveram raça e gênero trocados, como Falcon, um protagonista negro, se tornando o novo Capitão América, Thor se tornando uma mulher, Hulk se tornando um adolescente asiático, o Homem de Ferro se tornando uma mulher negra. Em novembro de 2019, a Marvel lança uma HQ com a sugestão de que o primeiro Hulk do universo Marvel era gay.
Há outras experiências, mas é basicamente isso que os roteiristas contratados pela Marvel, principalmente após a efetivação de Sana Anamat como vice-presidente de conteúdo e desenvolvimento de personagens da empresa, vêm fazendo há anos com os personagens que aprendemos a amar. O poder exercido por Sana Anamat, uma filha de imigrantes paquistaneses e irmã de um polêmico produtor de Hollywood, e suas consequências para o Universo Marvel, reverberando em toda a indústria de quadrinhos americana e ainda para todo o setor de entretenimento, merece um outro texto devido à sua seriedade, relevância e magnitude.
Esse artigo joga suas luzes sobre a Marvel, mas o mesmo fenômeno acontece com sua eterna rival, a DC Comics. Para poupar espaço e tempo, trago somente dois exemplos mais recentes: um episódio da série animada da DC, Justiça Jovem, revela que o novo Aquaman é gay, assim como o eterno mordomo de Batman, Alfred Pennyworth, é mostrado também como homossexual em uma nova aventura. Isso parece uma obsessão para você? Juntas, a Marvel e a DC Comics possuem, ao todo, oito heroínas lésbicas ou não-binárias nos quadrinhos atuais.
Nesse processo, intensificado nos últimos anos pela eleição de Trump e levado ao status de luta política aberta e declarada pelos próprios editores e autores das obras, surgiu uma reação — natural e orgânica — capitaneada por artistas e fãs insatisfeitos com tanta representatividade forçada nos gibis. O movimento Comics Gate nasceu como uma hashtag e acabou reunindo uma sequência de eventos que culminou numa sólida e bem-sucedida associação de autores, leitores, jornalistas, youtubbers e blogueiros, todos cansados da lacração nos quadrinhos. Percebendo a infecção que a nona arte sofria por Anamat e seus asseclas, o público respondeu positivamente ao desejo de remoção do vírus que roubava a saúde da sua diversão e as obras inseridas na onda do Comics Gate bateram todos os recordes de venda, engajamento e financiamentos coletivos jamais vistos na indústria recente de comics americana. Essa reação também merece um artigo só para explicar seus desdobramentos — que já chegaram à cena brasileira.
Enquanto muitos encontravam no Comics Gate um porto seguro para seus gostos e valores e finalmente podiam se sentir aliviados, os editores da Marvel não hesitaram em rotular todo esse público insatisfeito com suas edições ideologizadas como racistas, sexistas, homofóbicos e, claro, fascistas. Então, num caso inédito numa indústria de 80 anos, os editores entraram em guerra contra seus próprios consumidores, provocando uma batalha ideológica rasteira nas redes sociais e promovendo o linchamento público de artistas e produtores de conteúdo conservador ou simplesmente não alinhado aos roteiristas da editora. Você conhece alguma reação parecida no Brasil?
Essa é a mentalidade das pessoas que estão tentando vender quadrinhos ao público americano, e é por isso que os Novos Guerreiros existem e chegamos até aqui. Há ainda a cereja do bolo de todo este processo destrutivo: na mesma era em que os super-heróis arrebanham multidões de pessoas para as salas de cinema de todo o planeta e explodem as bilheterias, os quadrinhos destes mesmo heróis nunca venderam tão pouco, com as empresas que detêm os direitos destes personagens cogitando até mesmo abandonarem o mercado editorial. Simples coincidência?
Entenda o leitor que em nenhum momento este que vos escreve defende que não devemos ter gays, negros, mulheres, hispânicos ou muçulmanos representados ou com protagonismo em histórias em quadrinhos. Ou em qualquer outra manifestação artística. A questão é que esses editores e autores decidiram empurrar goela abaixo de uma base de fãs conservadora uma agenda progressista que só encontra eco entre as redações de jornais e TV e sets de cinema. E parecem querer dobrar a aposta a cada lançamento. O público de quadrinhos de super-heróis é conservador e já deixou claro ao não meter mais a mão no bolso: não mexa com nossos cânones!
Lá se vão os tempos em que super-heróis envolviam seu leitor e o inspiravam a ser algo que não são. As crianças não crescerão mais querendo ser o Homem-Aranha, Capitão América, Homem de Ferro ou o Surfista Prateado.
O leme das histórias de super-heróis não é mais o heroísmo, o espírito de sacrifício, a generosidade, a ordem e a grandeza. Até mesmo, como no início da história dos gibis, com seu berço nas pulp magazines, deixou também de ser apenas diversão escapista. Não. A base agora é a lacração, pura e simples. O que a Marvel Comics representa em 2020 são autores progressistas que acabaram de deixar as universidades, lobotomizados ao extremo pelo marxismo cultural de suas salas de aula, adentrando à indústria para criar personagens que são reflexos de si mesmos, prontos para a guerra contra seus inimigos sociais: intolerância, religião, patriarcado e a injusta e malvada sociedade capitalista ocidental.
Assim como o coronavírus, o vírus da justiça social parece infectar todas essas pessoas que são responsáveis por tomar decisões estratégicas sobre o incrível legado de Stan Lee, Jack Kirby, Roy Thomas e tantos outros autores fantásticos. O velho Stan deve estar dando piruetas em seu túmulo enquanto sanguessugas tiram os últimos resquícios de criatividade e glória de seu cadáver.
Vaticinando, Joan Lee, filha de Stan, disse isso logo após a morte do inesquecível pai do Homem Aranha: “Eles comoditizaram o trabalho de meu pai e nunca mostraram a ele ou a seu legado qualquer respeito ou decência. No final, ninguém poderia ter tratado meu pai de maneira pior do que os executivos da Marvel e da Disney”.
— Luciano Cunha é desenhista e criador de O Doutrinador.
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