Daniel – Amado no Céu – Os reinos do mundo e o reino de Cristo

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Daniel – Amado no Céu – Os reinos do mundo e o reino de Cristo

(Daniel 7.1-28)

Este capítulo inicia a segunda parte do livro de Daniel. Nos capítulos 1 a 6 vimos a parte histórica do livro; agora, nos capítulos 7 a 12, veremos a parte profética.

O livro de Daniel é chamado de “O Apocalipse do Antigo Testamento”. Ele trata da saga dos reinos do mundo e da vitória triunfal do Reino de Cristo. É um livro escatológico e apocalíptico.

Edward Young diz que o capítulo 7 de Daniel trata do mesmo assunto que foi tratado no capítulo 2. Ele afirma que esses dois capítulos são paralelos.52 José Grau sugere que para um claro entendimento, esses dois capítulos devem ser lidos conjuntamente.53 Evis Carballosa corretamente afirma que o capítulo 2

apresenta um panorama na perspectiva do homem, enquanto o capítulo 7 apresenta uma perspectiva divina do mesmo tema. Como a revelação divina é progressiva, o capítulo 7 acrescenta detalhes importantes à revelação dada no capítulo 2.54

O capítulo 7 está dividido em duas grandes partes: os versículos 1 a 14 retratam o sonho de Daniel; os versículos 15 a 28, a interpretação do sonho.

Daniel 7 trata do desenrolar da história humana até o fim do mundo. Se olharmos apenas para os reinos deste mundo somos o povo menos favorecido da terra, mas se olharmos para o trono de Deus somos o povo mais feliz da terra. Os impérios do mundo surgem, prosperam e desaparecem, mas o Reino de Cristo permanece para sempre.

Na convulsão terrível da história, Daniel olha e vê Deus assentado no trono (v. 9-11). Antes de a igreja passar pela perseguição do mundo e do anticristo, ela precisa saber que Deus está no trono e que Cristo vai voltar para nos dar Seu Reino (v. 12-14).

Os reinos do mundo

O que podemos aprender acerca dos reinos do mundo? Em primeiro lugar, eles estão debaixo da soberania de Deus (Dn 7.2,3). Os quatro ventos que agitam o mar vêm do céu. Esses quatro ventos falam da universalidade e totalidade do mundo. O mundo todo está envolvido nos acontecimentos. São fatos de alcance mundial.55

Como o mar é um símbolo dos povos em sua convulsão histórica e o vento um símbolo da intervenção de Deus na terra, podemos afirmar que o levantamento dos reinos do mundo é um ato da soberania de Deus. Ele levanta

reinos e abate reinos. Foi Deus quem trouxe os caldeus e entregou Jerusalém nas mãos de Nabucodonozor. Foi Deus quem entregou a Babilônia nas mãos de Dario. É Deus quem dirige a história.

Em segundo lugar, os reinos do mundo vêm da convulsão dos povos, nações e raças (Dn 7.2,3). O mar Grande é uma descrição literal do mar Mediterrâneo e um símbolo dos povos, raças e línguas, dos quais procedem os reinos que Daniel descreverá. Os impérios são levantados e derrubados. Da convulsão dos povos surgem os grandes reinos. Eles crescem, fortalecem-se, deterioram-se e caem, mas só o Reino de Deus permanece para sempre, conforme Daniel capítulo 2.

Osvaldo Litz descreve esta verdade, assim:

Os quatro animais subiam do mar’. Isso indica a origem dos reinos deste mundo: eles vêm de baixo, emergem do oceano da humanidade e nele tornam a imergir. Assim como as ondas do mar sobem, mas forçosamente têm que descer outra vez, nenhum reino ou império consegue manter-se sempre acima dos outros. Cada novo reino, cada nova potência mundial sempre tragou a anterior e tomou seu lugar. Foram edificados com sangue e lágrimas, e em meio de sangue e lágrimas tomaram a desaparecer.56

Ainda prossegue Osvaldo Litz: “O reino de Deus, porém, tem outra procedência. Ele não vem de baixo, mas do alto. Não é de homens, mas, de Deus. Por isso ele é eterno e não temporal”.57

No capítulo 7 a descrição dos quatro animais, é um texto paralelo à descrição, no capítulo 2, da grande imagem levantada por Nabucodonozor. O capítulo 2 trata do assunto numa perspectiva humana e o capítulo 7, numa perspectiva divina. O capítulo 2 trata da história dos impérios em seu aspecto externo: seu esplendor; o

capítulo 7 trata do aspecto espiritual interno: são como feras selvagens. Como a revelação de Deus é progressiva, o capítulo 7 acrescenta fatos não contemplados no capítulo 2.

Esses quatro animais sobem do mar de forma sucessiva e não simultânea. Esses animais, que representam impérios, também são diferentes uns dos outros. Contudo, eles têm quatro coisas em comum: 1) origem — de baixo; 2) natureza – animais ferozes; 3) futuro e fim – todos serão destruídos; e 4) os quatro têm o mesmo tempo determinado por Deus (v. 12).58

Esses quatro animais representam quatro reis, ou seja, quatro impérios (Dn 7.3-7,17). Em primeiro lugar, vemos o leão, símbolo do império babilônico (v. 4).59 O leão é o rei dos animais e a águia, a rainha das aves. Ambos são símbolos da grandeza da Babilônia. As asas arrancadas falam de Nabucodonozor sendo expulso do trono para viver com os animais (Dn 4.32). Quando o texto relata que lhe foi dada mente de homem, isso se refere ao retorno de sua lucidez e a sua conversão (Dn 4.32b,36,37).

Em segundo lugar, vemos o urso, símbolo do império medo-persa (v. 5), um império formado pela coligação de dois povos: os medos e os persas. Esse império foi descrito em Daniel 2.32,39. Essas três costelas na boca do urso simbolizam os três reinos conquistados: lídia, Egito e Babilônia.

Em terceiro lugar, vemos o leopardo, símbolo do império grego (v. 6). O leopardo alado é um símbolo de grande velocidade e agilidade de movimentos. Esse animal simboliza o império grego-macedônio. Em 334, Alexandre Magno empreendeu sua surpreendente conquista que em um período de 10 anos o levou a ser soberano de um vasto

império. Alexandre, educado por Aristóteles, difundiu a cultura grega entre os povos vencidos. Assim, o grego tornou-se idioma conhecido em todo o mundo antigo e veio a ser a língua em que o Novo Testamento foi escrito. Ele fundou a cidade de Alexandria, conhecida mundialmente por sua famosa biblioteca e pelo farol na ilha de Faros, uma das sete maravilhas do mundo antigo.60

Com sua súbita morte em 323 a.C., na Babilônia, seu reino foi dividido em quatro cabeças, ou seja, quatro divisões do império. Quatro generais dominaram o reino de Alexandre: Casandro, Ptolomeu, Lisímaco e Selêuco.61 Diz o versículo 6 que o domínio lhe foi dado. Foi Deus quem levantou Alexandre Magno. Deus dirige a história. Osvaldo Fitz afirma corretamente que é Deus quem dá o poder aos poderosos da terra. E é Ele mesmo quem o tira de suas mãos. O mundo não é governado pelo fatalismo nem pelos mais fortes, mas pelos planos de Deus.62

Em quarto lugar, vemos um animal espantoso, terrível e sobremodo forte, símbolo do império romano (v. 7). O que caracteriza o quarto animal é sua força e poder, ou seja, sua capacidade de destruir. Tinha grandes dentes de ferro; devorava e fazia em pedaços, pisava aos pés o que sobejava. Todas essas características sugerem força e insensibilidade com suas vítimas (v. 23).

Esse quarto animal tem dez chifres que são identificados como dez reis (v. 24). Esse quarto animal é uma descrição do império romano. Em 241 a.C., os romanos derrotaram os cartagineses e ocuparam a ilha da Sicília. Em 218 a.C., as legiões romanas fizeram sua entrada na Espanha. Em 202 a.C., os romanos conquistaram Cartago. Em 146 a.C., eles tomaram a cidade de Corinto. Em 63 a.C., Pompeu ocupou a Palestina. Em 30 a.C., Marco Antonio

incorporou o Egito ao território romano. De modo que antes do nascimento de Cristo os romanos tinham praticamente o controle do mundo conhecido.®

O império romano experimentou dois séculos de glória e esplendor. Em 476 d.C., os bárbaros puseram fim ao império romano no Ocidente, e, em 1453 d.C., os turcos ocuparam a cidade de Constantinopla, e o império romano no Oriente se desintegrou.64

O império romano é diferente dos três primeiros reinos (v. 23). Os três primeiros foram absorvidos um pelo outro, mas o quarto império será destruído por intervenção divina. A pedra vai torná-lo pó. O Reino de Cristo vai encher toda a terra (Dn 2.44,45).

O reino do anticristo

Daniel passa agora a falar sobre o anticristo e seu reino. Quatro coisas merecem destaque. Em primeiro lugar, ele fala sobre a pessoa do anticristo (Dn 7.8). O anticristo escatológico será uma pessoa e não um sistema.® Ele tem um número de homem, 666.66 Ele é descrito por Daniel como o “Pequeno Chifre”.67 O apóstolo João o chama de o Mentiroso68, o Anticristo69 e a Besta70. O apóstolo Paulo o chama de o homem da iniqüidade71, o iníquo72, o filho da perdição.73 Jesus o chama de o abominável da desolação7″‘

O prefixo anti significa oposto a ou em lugar de. O anticristo não só se oporá ao Senhor Jesus Cristo, mas também terá a intenção de pôr-se em Seu lugar e tentará fazer isso. Embora o espírito da iniqüidade, ou seja, o espírito do anticristo já opere, embora muitos anticristos existam, e todo aquele que se opõe a Cristo ou queira ocupar o lugar de Cristo seja um anticristo,

esse pequeno chifre é uma pessoa escatológica que perseguirá brutalmente a igreja antes da segunda vinda de Cristo.

Em segundo lugar, Daniel fala sobre a origem do anticristo. Ele é um simulacro da encarnação. Sua origem é satânica. Ele recebe todo poder, autoridade e o trono de Satanás.75 O anticristo tem também uma origem mundana. O pequeno chifre surge do quarto animal, entre os outros dez chifres.76 Ele não será um ser extraterrestre, um demônio, mas um homem.

O pequeno chifre é pequeno só no começo (v. 8), mas cresce progressivamente até distinguir-se como mais robusto que os outros chifres (v. 20). Ou seja, o governo do anticristo será a expressão mais forte de poder na terra até ser desarraigado por Cristo.

O que significam esses dez chifres, de onde procede o pequeno chifre? Na interpretação amilenista, o número dez é simbólico, como simbólico é todo o texto.77 Esses dez chifres representam um estágio posterior na história deste império (v. 24). O império Romano sucedeu-se uma multiplicidade de reinos. Dez é um número completo. O anticristo surge numa terceira etapa desse reino. O poder se concentrará num indivíduo. Ele quererá ser Deus (2Ts 2.3,4).

O anticristo será o último dominador do mundo. Com ele também cessará o domínio e o poder dos outros reinos. Ele será o último líder mundial.

Em terceiro lugar, Daniel fala sobre a ação do anticristo. Essa ação pode ser identificada em seu ódio a Deus. Sua boca falará grandes coisas (v. 8,20). Proferirá palavras contra o Altíssimo (v. 25). Cuidará em mudar os tempos e a lei (v. 25).

Essa ação pode ser identificada também na perseguição aos santos. O anticristo fará guerra contra os santos e prevalecerá contra eles (v. 21). Ele magoará os santos do Altíssimo (v. 25). Os santos lhe serão entregues nas mãos (v. 25).

Essa ação pode ser ainda identificada por meio de uma desordem anárquica. O anticristo mudará os tempos e a lei (v. 25). Ele é chamado o homem da iniqüidade, ou seja, o homem sem lei. Ele não respeitará leis.

Em quarto lugar, Daniel fala sobre a derrota do anticristo. Seu domínio é limitado (v. 25). O anticristo é limitado quanto ao tempo e quanto ao poder. Ele não tem poder, este lhe é dado. Ele só pode ir até onde Cristo lhe permite ir. Ele pode tirar a vida dos santos, mas não fazer deles seus seguidores. Seu tempo de ação não é eterno. Um dia Cristo dirá: basta! Assim ele será destruído e lançado no lago de fogo.

O domínio do anticristo também é tirado (v. 12, 25,26). O domínio é tirado dos quatro reinos (v. 12) e também, do anticristo (v. 26). O anticristo não pode resistir Aquele que lhe tira o domínio. Ele é um inimigo limitado quanto ao tempo (v. 25) e limitado quanto ao poder (v. 26).

O domínio do anticristo é destruído (v. 11,26). Ele será destruído pelo fogo (v. 11). Ele será lançado no lago de fogo (Ap 19.20). Ele será destruído pela manifestação da vinda de Cristo (2Ts 2.8). O Trono santo, justo e vitorioso de Deus é descrito (v. 8-11). O mesmo Deus que é o deleite dos remidos, (v. 10) é o terror dos ímpios (v. 10,11). O Tribunal do Céu removerá o anticristo e todo seu poder. O mal pode afigurar-se onipotente, mas isso é uma ilusão. O poder absoluto pertence a Deus. A culminação da história não será o triunfo do mal, mas o triunfo de Cristo e de sua igreja (v. 27).

O reino de Cristo

O Reino de Deus é eterno, jamais passará. Várias verdades merecem ser destacadas sobre o Reino de Cristo. Em primeiro lugar, o Reino de Cristo está presente, mas ainda não em sua plenitude (Dn 7.13,14). Anthony Hoekema fala da tensão entre o JÁ e o AINDA NÁO do Reino de Cristo.

Deus está no trono (v. 9). Seu trono exerce juízo desde agora, pois Seu trono é como um rio de fogo (v. 10). Aquele que está no trono é adorado e servido por milícias celestiais (v. 10). Mas a plenitude do Reino de Cristo se dará apenas em sua segunda vinda (v. 13,14).

Em segundo lugar, o Reino de Cristo será universal (Dn 7.14). Os povos, nações e homens de todas as línguas servirão a Jesus (v. 14). Diante dEle todo joelho se dobrará (Fp 2.9-11). Não haverá um centímetro sequer do universo que não se renderá ao governo absoluto de Cristo.

Em terceiro lugar, o Reino de Cristo será eterno (Dn 7.14). Todos os reinos do mundo cairão. O reino do anticristo também cairá. Mas o Reino de Cristo será eterno, indestrutível e vitorioso. Os grandes impérios ruirão As grandes potências mundiais cairão. Todo o sistema do mundo entrará em colapso, mas o Reino de Cristo é indestrutível.

Em quarto lugar, o Reino de Cristo prevalecerá sobre todos os reinos do mundo (Dn 7.26,27). Cristo é o grande juiz que se assentará no trono. Seu tribunal é o grande trono branco (Ap 20.11). Cristo, em Sua segunda vinda, tirará o domínio do anticristo e o destruirá. Todos os reinos do mundo serão do Senhor e de Seu Cristo. Ele porá todos Seus inimigos debaixo de Seus pés. O Reino de Cristo é conquistador, vitorioso e irresistível. O Reino de

Cristo é a pedra lavrada não por mãos que toca na estátua, símbolo dos reinos do mundo, e a transforma em pó. O Reino de Cristo encherá toda a terra (Daniel 2).

Em quinto lugar, o Reino de Cristo será partilhado com os santos (Dn 7.18,22,27). A igreja não apenas estará no céu, mas também em tronos.78 Ela não apenas servirá ao Rei, mas também será co-regcnte com o Rei. Não apenas seremos glorificados, mas também exaltados. A igreja receberá o reino eternamente. Quando Cristo voltar a igreja estará para sempre com Ele, em uma festa que não terá fim (v. 18). A mesma igreja mártir será a igreja honrada (v. 22). O Reino de Cristo dado à igreja é um reino universal (v. 27).

As profundas implicações dessa batalha espiritual devem provocar um grande impacto em nós (Dn 7.15,28). Daniel ficou alarmado e perturbado diante dos dramas da história que haveriam de se desenrolar (v. 15). Seu rosto empalideceu (v. 28). Daniel ficou perplexo ao ver essa invasão do mal na história e a devastação que ele opera. Não deveriamos nós também nos alarmar? Estamos anestesiados até o ponto de perder a sensibilidade? Não deveriamos ter a mesma sensação de Daniel? Mesmo que o mal já esteja derrotado e que seus agentes já estejam com sua condenação lavrada, não deveriamos nós, à semelhança de Daniel, ficar também alarmados?

A presença das forças do mal na história deve nos levar à oração, ao jejum e à vigilância. As forças derrotadas do mal ainda não foram destruídas. Elas têm um grande potencial de provocar devastação e tragédia. Precisamos enfrentar essas forças do mal com oração, jejum e vigilância. Apocalipse 12 nos diz que o dragão foi expulso do céu, mas ele desceu à terra com grande cólera. A terra passa grandes aflições. Nosso inimigo está encolerizado. Ele agirá terrivelmente até o dia em que for lançado no lago de fogo. O mal que deprimia Daniel permanece até hoje.79 Não importa, porém, o que está à frente, Deus está no trono. Seu trono é um rio de fogo. Os inimigos que oprimem a igreja serão julgados e condenados. O noivo da igreja vai voltar e nos dar Seu Reino eterno e glorioso.

Pr.Raul
Pr.Raul
Pastor do Ministério Nascido de Novo e coordenador do Seminário Teológico Nascido de Novo, Youtuber e marido da Irmã Vanessa Ângelo.

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