Daniel – Amado no Céu – Ascensão e queda dos reinos do mundo

Jovens Segundo o Coração de Deus – Em Busca do Prêmio
14/01/2015
Jovens Segundo o Coração de Deus – Em Busca do Propósito de Deus
15/01/2015

Daniel – Amado no Céu – Ascensão e queda dos reinos do mundo

(Daniel 8.1-27)

Este capítulo 8 é paralelo aos capítulos 2 e 7 de Daniel. A visão que Daniel teve, contudo, não é um sonho como o registrado no capítulo 7. Daniel foi transportado em espírito até Susã e isso através do tempo. Deus transportou Daniel a Susã não fisicamente, mas em espírito.

O profeta Daniel nos proporciona o marco histórico em que ocorreu a visão: no terceiro ano do rei Belsazar; em Susã, capital do reino da província de Elão e junto ao rio Ulai. Leon Wood entende que Daniel não esteve fisicamente em Susã, mas foi apenas transportado em espírito nessa visão.

Susã era uma cidade importante mesmo depois da queda da Babilônia, em que os reis medo-persas residiam por três meses ao ano.

A visão se refere ao tempo do fim (v. 17), ao tempo determinado do fim (v. 19), e a dias ainda muito distantes (v. 26). A visão é profética. É recebida no período da grande Babilônia e aponta para o surgimento e queda de dois grandes impérios: medo-persa e grego.

A visão fala do surgimento de um rei que é o protótipo do anticristo escatológico (o pequeno chifre). Esse pequeno chifre do capítulo 8 é diferente do pequeno chifre do capítulo 7. O capítulo 7 fala do anticristo escatológico que emerge do quarto reino (o império romano). O pequeno chifre do capítulo 8 emerge dos quatro reis oriundos da queda do grande rei grego, Alexandre Magno. Este pequeno chifre é o maior protótipo do anticristo escatológico.

Daniel ficou amedrontado e prostrado diante da visão de Gabriel, o agente de Deus, que lhe revelou a interpretação da visão (v. 17). Ele caiu sem sentidos, rosto em terra, quando Gabriel falou com ele. Aqui não se trata do esplendor do anjo, mas do conteúdo da revelação divina acerca da queda da Babilônia. Daniel ficou fraco e enfermo diante dos fatos futuros que haveriam de vir. Essa visão prova que Deus é quem dirige a história. Ele está no comando.

A visão do carneiro (Dn 8.3,4,20)

Daniel descreve o carneiro de três maneiras distintas. Em primeiro lugar, fala que ele tem dois chifres (Dn 8.3,20). Essa é uma descrição do império medo-persa que se levantaria para conquistar a Babilônia. Na mesma noite em que o rei Belsazar fazia uma festa e zombava dos

vasos do templo, a Babilônia caiu nas mãos dos medo-persas. Osvaldo Litz diz que o carneiro persa derrotou o império babilônico e tornou-se o senhor do mundo. Não só venceu seus vizinhos, mas conquistou seus territórios, formando um novo império mundial.81

O chifre mais alto é uma descrição do poder prevalecente dos persas na liderança do império. Ciro, o persa, tomou o lugar de Dario, o medo. Em 550 a.C., Ciro tomou o controle da Média. Assim, se cumpriu a profecia. O carneiro persa derrotou a Babilônia e, por algum tempo, tornou-se senhor do mundo.82 Mas Daniel viu sua ascensão e queda 210 anos antes do fato acontecer.

Em segundo lugar, Daniel diz que tal carneiro é irresistível (Dn 8.3,4). A união dos medos e persas em um só império criou um exército poderoso que conquistou territórios para o oeste (Babilônia, Síria e Ásia Menor), ao norte (Armênia) e ao sul (Egito e Etiópia). Evis Carballosa diz que nenhum exército existente naqueles tempos tinha a força ou a capacidade necessárias para deter o avanço dos medo-persas.83

Em terceiro lugar, Daniel diz que o carneiro engrandeceu-se (Dn 8.4). Nenhum exército naqueles dias podia resistir ou deter o avanço do reino medo-persa. Isso levou esse reino a tornar-se opulento, poderoso e cheio de soberba. Por isso, engrandeceu-se, e aí estava a gênese de sua queda.

A visão do bode (Dn 8.5-8,21)

O bode é uma descrição profética acerca de um dos maiores líderes políticos da história, Alexandre Magno. Daniel elenca quatro fatos a seu respeito. Em primeiro lugar, fala da rapidez de suas conquistas (Dn 8.5, 21). Esse

bode representa o império grego (v. 21). As conquistas de Alexandre foram extensas e rápidas. Osvaldo Litz afirma que em apenas treze anos Alexandre conquistou todo o mundo conhecido de sua época.84

O império medo-persa foi desmantelado, dando lugar ao império grego. Em 334 a.C., Alexandre cruzou o estreito de Dardanelos e derrotou os sátrapas. Pouco tempo depois, venceu Dario III na batalha de Issos (333 a.C.). Em 331, venceu o grosso das forças medo-persas na famosa batalha de Gaugamela.85

Em segundo lugar, Daniel fala do poder desse líder (Dn 8.5). Alexandre é descrito como o chifre notável. Foi um líder forte, ousado e guerreiro. Era um homem irresistível, um líder carismático, com punho de aço.

Em terceiro lugar, Daniel fala dos triunfos de Alexandre sobre o império medo-persa (Dn 8.6,7). O poderio e a força de Alexandre sáo descritos na maneira como enfrentou o carneiro: 1) fere-o; 2) quebra seus dois chifres; 3) derruba-o na terra; e 4) pisoteia-o.

Em último lugar, Daniel falado engrandecimento e queda de Alexandre e seu reino (Dn 8.8). “O engrandecimento de um império é ao mesmo tempo prelúdio de sua queda e decadência. Quanto mais se aproxima do auge de seu poder, tanto mais perto está também de seu fim”.86 A Grécia não foi uma exceção (v. 8).

O versículo 8 profetiza a morte inesperada de Alexandre Magno na Babilônia, em 323 a.C., exatamente quando ele queria reconstruir a cidade da Babilônia, contra a palavra profética de que a cidade jamais seria reconstruída. Com sua morte, o império grego foi dividido em quatro partes entre quatro reis: a Casandro couberam a Macedônia e a Grécia, no ocidente. Lisímaco governou a Trácia e a

Bitínia, no norte. Ptolomeu governou a Palestina, a Arábia e o Egito, no sul. Selêuco governou a Síria e a Babilônia, no oriente.

Após a morte de Alexandre e a divisão de seu reino entre esses quatro generais (v. 8,22), o grande império grego desintegrou-se e enfraqueceu-se.

A profecia acerca de Alexandre cumpriu-se literalmente, duzentos anos depois da profecia dada a Daniel.

A visão do pequeno chifre

Daniel passa a falar sobre um pequeno chifre diferente daquele descrito no capítulo 7. Esse é apenas um protótipo daquele. Vejamos como ele é descrito: em primeiro lugar, Daniel fala sobre sua procedência (Dn 8.8,9,22). O pequeno chifre do capítulo 8 não deve ser confundido com o pequeno chifre do capítulo 7.8. A origem do 7.8 é o quarto império (o império romano). A origem do 8.9 é o bode, o terceiro reino: o império grego.

O pequeno chifre do capítulo 8 é um personagem futuro e profético para Daniel, mas para nós, um personagem do passado, enquanto o pequeno chifre do capítulo 7.8 é um personagem escatológico para Daniel e para nós.

O pequeno chifre de Daniel 8.9 é o principal precursor do anticristo escatológico. Principal porque muitos anticristos precursores do anticristo escatológico já passaram pelo mundo (ljo 2.18), mas nenhum reuniu em si tantas características como esse de Daniel 8.9.87

Esse pequeno chifre do capítulo 8 é o rei selêucida Antíoco IV, chamado de Antíoco Epifânio, que reinou na Síria entre 175 a 163 a.C.

Em segundo lugar, Daniel fala sobre sua megalomania (Dn 8.11,25). Em seu coração ele se engrandeceu. Antíoco

declarou ser deus. Mandou cunhar moedas que de um lado tinham sua efígie e do outro as palavras: “Do rei Antíoco, o deus tornado visível que traz a vitória”.88

Em terceiro lugar, Daniel fala sobre sua truculência (Dn 8.9,10). Alguns imperadores romanos identificaram-se com o anticristo escatológico, tais como Nero e Domiciano, por exigirem adoração de seus súditos. Hitler foi identificado com ele por sua feroz perseguição aos judeus. Outros governadores antigos e contemporâneos por perseguirem os cristãos como nos regimes totalitários e comunistas. Mas ninguém se assemelhou tanto ao anticristo escatológico como Antíoco Epifânio.89

Esse rei selêucida foi um feroz perseguidor dos judeus (Dn 8.24). Porque os fiéis judeus não se prostravam diante dos ídolos foram duramente perseguidos por ele. Calcula-se que cem mil judeus foram mortos por ele. O anticristo escatológico também será implacável em sua perseguição aos cristãos (Ap 13.15).

Em quarto lugar, Daniel fala acerca de sua blasfêmia (Dn 8.23-25). Ele será um usurpador. Como o anticristo quererá usurpar o lugar de Cristo, Antíoco também foi um usurpador. No seu tempo, a Palestina pertencia ao Egito dos ptolomeus. Mas ele, astuciosamente, aproveitou-se da divergência entre os judeus que estavam divididos em dois partidos, e levou-os a se aliarem a ele, rompendo com o Egito (Dn 8.23-25). Quando os judeus se aliaram a ele, logo os explorou e os perseguiu cruelmente até a morte.90

O anticristo imporá uma única religião em seu reino e perseguirá e matará os que não se conformarem a ele (Ap 13.12,15). Antíoco fez isso em seu reino. A posse do Livro Sagrado, o Antigo Testamento, e a observância da lei de

Deus eram punidas com a morte. Muitos judeus foram mortos por se manterem fiéis a Deus.

Ele se levantará em tempo de grande apostasia. Como a apostasia do período do fim abrirá a porta para o anticristo (2Ts 2.3,4), também muitos judeus haviam se afastado da lei de Deus e adotado costumes dos gentios (Dn 8.12,23). Deus castigou Israel por causa de seus pecados. Quando no fim dos tempos a humanidade estiver suficientemente corrompida, ela estará pronta para receber o anticristo.

Antíoco fez cessar os sacrifícios na Casa de Deus e profanou o templo. Em 169 a.C., ele saqueou o templo e proibiu os sacrifícios (Ap 13.5). Por ordem de Antíoco, o templo foi profanado da maneira mais vil, indecente e imoral. O santuário de Jerusalém foi chamado de TEMPLO DE JÚPITER OLÍMPICO. Ele profanou o templo ainda quando colocou a própria imagem no lugar santíssimo e mandou matar sobre o altar um porco e borrifar o sangue e o excremento pelo santuário, obrigando os judeus a comerem a carne do porco, dentro do templo, sob ameaça de morte. Mandou ainda edificar altares e templos dedicados aos ídolos, sacrificando em seus altares porcos e reses imundas.91 O livro de Macabeus descreve a soberba e a perversidade de Antíoco na profanação do templo de Jerusalém:

E entrou cheio de soberba no santuário, e tomou o altar de ouro, e o candeeiro dos lumes, e todos os seus vasos, e a mesa da propiciação, e as bacias, e os copos, e os grais de ouro, e o véu, e as coroas, e o ornamento de ouro, que estava na fachada do templo: e quebrou tudo […] E fez grande matança de homens, e falou com grande soberba.

Dessa forma, esse rei tornou-se o maior protótipo do anticristo (Dn 9.27; Ap 13.5; 2Ts 2.3,4). Ele blasfemou contra Deus, contra o culto e contra o povo de Deus.

Por fim, Daniel descreve sua derrota (Dn 8.25). Antíoco foi derrotado sem o auxílio de mãos humanas. Ele foi morto não em combate, mas por uma súbita doença quando tentava saquear o templo de Diana, em Elimaida, na Pérsia. O segundo livro de Macabeus diz que sua morte foi das mais horrorosas.

A queda do anticristo será assim também. Não será morto num combate humano, mas pela manifestação da vinda de Cristo (2Ts 2.8), o Cordeiro de Deus exaltado em todo o universo (Ap 5.12,13).

Pr.Raul
Pr.Raul
Pastor do Ministério Nascido de Novo e coordenador do Seminário Teológico Nascido de Novo, Youtuber e marido da Irmã Vanessa Ângelo.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *