Uma das histórias mais conhecidas na Bíblia, com certeza, é a história da mulher que é flagrada em adultério e levada até Jesus, passagem essa encontrada no evangelho de João capítulo 8. Porém, deve-se ressaltar que essa história é constantemente questionada pelos ecléticos. A questão levantada é se essa história é realmente original, ou seja, se foi escrita pelo apostolo João ou foi um acréscimo posterior de algum escriba.
Vejamos a passagem na bíblia Almeida Revista e Atualizada no evangelho de João:
7: 53 [E cada um foi para sua casa.
8:1 Jesus, entretanto, foi para o monte das Oliveiras.
2 De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava.
3 Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos,
4 disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.
5 E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?
6 Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo.
7 Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.
8 E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.
9 Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava.
10 Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
11 Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.]
João 8:1-11 (ARA)
Uma observação: a variante em questão começa no último versículo do capítulo 7, ou seja, no verso 53. Um colchete é aberto no início desse verso e só é fechado no verso 11 do capítulo 8, então, é sobre toda essa passagem que vamos tratar nesse artigo.
Vamos, então, analisar essa questão pesquisando em materiais de eruditos na Crítica Textual do Novo testamento e destacar aqueles que questionam a originalidade da passagem, assim como aqueles que defendem a passagem.
O primeiro passo a ser dado é sobre a questão das testemunhas manuscriturísticas, pois elas são, com certeza, a base para a formação de um texto do Novo testamento, principalmente dos textos que nós usamos hoje em nossas bíblias. Na tabela abaixo iremos começar a destacar aquelas testemunhas que não trazem a passagem da Mulher Adúltera. Vejamos:
Omitem a história da mulher adúltera
TESTEMUNHAS
SÉCULO
PAPIRUS, UNCIAIS E MINÚSCULOS
P66
III
P75
III
א
IV
A
V
B
IV
C
V
L
VIII
N
VI
LECIONÁRIOS E VERSÕES ANTIGAS
Ita, f, l, q
IV, VI, VIII, VI/VIII
sirc, s, p, h
IV, IV, V, VII
copsa, bo(pt), acm2
IV, IX, IV
armmss
a partir do quinto século
geo
V
esl
a partir do nono século
diatessarão
II
PAIS DA IGREJA
Orígenes
III
Crisóstomo
V
Cirilo
V
Tertuliano
III
Cipriano
III
Na tabela acima, percebemos todas as testemunhas que omitem a perícope da mulher adúltera, porém, vamos destacar apenas os que consideramos as mais antigas, ou seja, aquelas que são mais prestigiados pelo ecletismo (editores e apreciadores do texto crítico egípcio).
Começando pelos papiros 66 e 75, ambos do século III. Depois temos, pela ordem na tabela, os códices Sinaíticus, Alexandrinus, Vaticanus, Efraimita, dentre outros mais tardios. Esses documentos (além de alguns outros não citados na tabela), estão entre aqueles mais importantes para reconstrução do texto do Novo Testamento. Percebe-se uma importância muito maior pelos códices Sinaíticus (א) e Vaticanus (B).
Também temos algumas versões antigas, como as Vetus Latina, ou ítalas (quatro na tabela), como a Ita, datada do século IV, dentre outras traduções, tão antigas quanto as ítalas – destaque para o Diatessarão do século II.
Por fim, observando os pais da igreja, desde o século III ao século V, alguns, ao citarem a passagem de João, não mencionam a história da mulher adúltera. Isso é significativo para os defensores do texto egípcio, logo esses pais citados viveram, ou pelo menos desenvolveram um trabalho no seu tempo na região egípcia ou região ao norte da África, onde o cristianismo se destacou principalmente em Alexandria. A exceção na tabela é João Crisóstomo que viveu em Antioquia, região bizantina.
Continua!
No vídeo abaixo comento sobre o tema abordado nesse artigo:
Referências
ALMEIDA, João Ferreira. A Bíblia Sagrada Revista e Atualizada, 2ª edição 1993, SBB, São Paulo;
GOMES, Paulo Sérgio e OLIVETTI, Odayr. O NOVO TESTAMENTO INTERLINEAR ANALÍTICO GREGO-PORTUGUÊS – texto majoritário com aparato crítico. São Paulo: Cultura Cristã, 2ª ed. 2015;
O NOVO TESTAMENTO GREGO (vários autores), 4ª edição revisada, 1993, SBB: 13ª impressão, 2007;
######################################
Quer enviar algo para nós? Mande para nossa Caixa Postal: Caixa Postal 73 - Araraquara - SP - CEP14801-970
Todos os presentes serão mostrados em nossos vídeos de Recebidos e mostrados em nossas redes sociais!
Se não quiser que apareça só mandar uma cartinha junto pedindo sigilo.
Nosso e-mail: [email protected]
Me chamo Leydson Oliveira. Sou formado em Pedagogia e pós-graduado em Gestão Escolar. Também tenho Bacharel em Teologia e atualmente sirvo na Igreja Batista da Adoração (IBA) na cidade de Mata Roma - MA.